A informação foi avançada pelo Observador e confirmada ao DN por uma fonte do Bloco de Esquerda. A eurodeputada bloquista Marisa Matias não alcançará a presidência do grupo no Parlamento Europeu que o BE e PCP integram, a Esquerda Unitária Europeia, devido à oposição do deputado comunista João Ferreira, a que se juntaram também os seus camaradas do PC do Chipre..Marisa Matias tinha-se candidatado mas, face à alegada oposição dos comunistas portugueses e cipriotas, verificou-se não haver "consenso" para essa designação (as escolhas fazem-se pelo tal "consenso", sem votações)..O PCP terá também vetado uma outra opção: que Marisa Matias dirigisse o grupo na primeira metade do mandato e João Ferreira na segunda..O grupo decidiu então adotar uma solução que é apresentada como provisória: o presidente interino será o deputado alemão (do Die Link) Martin Schirdewan. Marisa Matias e João Ferreira serão vice-presidentes, bem como o dinamarquês da Aliança Verde Nikolaj Villumsen..PCP: "Ambições sectárias de protagonismo".Reagindo às acusações do BE, o PCP emitiu a partir da sede nacional em Lisboa uma nota à imprensa não desmentindo nem confirmando ter-se oposto à escolha de Marisa Matias - antes salientando que "nenhuma das propostas relativas à presidência do grupo reuniu o consenso necessário"..Sobre o caso da deputada do BE, os comunistas afirmam, na nota: "Uma dessas propostas, relativa à presidência do grupo, veiculada por alguns órgãos de comunicação social em Portugal, demonstrou não ser consensual, como foi manifestado por várias forças políticas, de diferentes países"..E assim, "ao contrário do que alguns querem fazer crer, é esta, e não outra, a razão que conduziu a que essa e outras propostas não tenham preenchido esta condição essencial no quadro da aplicação dos princípios do grupo"..Em suma: "O PCP continuará a intervir neste processo procurando contribuir para uma solução consensual, no quadro do respeito pelos princípios fundamentais de funcionamento do Grupo GUE/NGL [Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia / Esquerda Verde Nórdica, assim é o seu nome completo]"..E esses princípios fundamentais são "a sua natureza confederal; a tomada de decisões por consenso; a igualdade entre as suas delegações e o respeito pelas suas diferenças; ou ainda a sua autonomia e identidade própria e distintiva face a outros grupos políticos do Parlamento Europeu e outras estruturas ou espaços de cooperação".."O PCP não aceitará a violação destes princípios ou um qualquer posicionamento ou decisão que seja imposta contra esses mesmos princípios" e será "na base do respeito mútuo e da cooperação construtiva que se têm de encontrar soluções que melhor sirvam a intervenção distintiva do grupo e não com a introdução de elementos de descaracterização política ou de ambições sectárias de protagonismo", lê-se ainda na mesma nota dos comunistas.