O PCP questionou esta terça-feira o Governo por causa dos serviços mínimos impostos na greve dos tripulantes da Ryanair, considerando o despacho que os estabelece como "manifestamente ilegal"..Em perguntas dirigidas ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, os comunistas perguntam se o Governo está "disposto a anular o despacho" que definiu esses serviços e, simultaneamente, se o gabinete de Vieira da Silva deu "orientações à ACT para atuar face às denúncias de violações da Ryanair aos direitos dos seus trabalhadores"..Segundo uma nota divulgada no site do partido, o PCP quer saber se, por sua vez, o Ministério da Economia está "disponível para finalmente tornar público os verdadeiros custos para o país do modelo das low-costs e o total dos apoios públicos garantidos à Ryanair ao longo dos anos"..A decisão do Governo é, para o PCP, uma "afronta" à lei da greve "e altera os critérios que havia adotado para anteriores greves" nesta companhia aérea. Segundo os comunistas, "os serviços mínimos apenas podem ser decretados para atender a «necessidades sociais impreteríveis», ou seja, quando a greve coloque em causa direitos superiores como seja o direito à vida", o que neste caso não acontece, argumentam..O PCP nota que "em greves anteriores no transporte aéreo tenham sido concertados serviços mínimos para as regiões autónomas, que neste caso estão garantidos pela existência de voos da TAP e da SATA"..No texto, os comunistas defendem ainda que a Ryanair foi avisada "com a devida antecedência" da greve "e poderia, querendo, ter tomado as devidas medidas para alertar os seus passageiros e reorganizar a sua operação". Acusa o PCP: "Pelo contrário, preferiu continuar a vender bilhetes como se fosse garantir a operação, apesar de estar avisada da greve. E optou por não aceitar as reivindicações dos seus trabalhadores.".Há outro facto a ter em conta, para o partido liderado por Jerónimo de Sousa: "A Ryanair tornou público que uma delegação do Governo português vai amanhã [quarta-feira] a Dublin pedir para que a Ryanair não encerre a sua base de Faro." Segundo o PCP, "a escolha do primeiro dia de greve para a realização desta reunião é claramente política e alia a postura subserviente do Governo português perante as multinacionais à colaboração com a sua propaganda contra a justa luta dos trabalhadores"..Os comunistas querem que o Governo de António Costa ponha um ponto final nos "apoios sistemáticos às mal-chamadas low-costs que acabam sempre em processos de chantagem contra os países".