1º Maio: Saúde domina discursos do BE e do PCP
A nova Lei de Bases da Saúde levou esta quarta-feira o BE a assegurar que "ninguém está a acabar" com a presença dos privados, enquanto o PCP defendeu a necessidade de "clarificar e separar as águas" entre o SNS e esses grupos para não transformar "um direito tão sensível numa área de negócio".
Catarina Martins (BE) e Jerónimo de Sousa (PCP) falavam aos jornalistas em Lisboa, à margem do desfile evocativo do Dia do Trabalhador que juntou milhares de pessoas no percurso entre o Martim Moniz e a Alameda D. Afonso Henriques.
"Tenho ouvido discussões bastante absurdas sobre este tema e queria lembrar o seguinte: o que está em causa não é saber se acabam os privados ou o setor social na Saúde. Ninguém está a acabar com eles. O que está em causa é saber onde é que é gasto o dinheiro público", afirmou a coordenadora bloquista junto à sede nacional do partido. Tendo sido pagos "dois mil milhões de euros" nesta legislatura a "grupos de hospitais privados nacionais e internacionais", a coordenadora bloquista perguntou: "Ficamos sossegados com isso? Eu acho que não", frisou.
Para Jerónimo de Sousa, secretário-geral comunista, "a questão central" reside em "clarificar e separar as águas em relação ao Serviço Nacional de Saúde, geral, universal, gratuito e de qualidade, e não transformar uma área tão sensível, um direito tão sensível numa área de negócio".
"Esta promiscuidade com o privado não pode ser, tem que haver essa clarificação", daí que o PCP lute "pelo fim" das Parcerias Público Privadas (PPP), argumentou Jerónimo de Sousa, considerando serem "precisos avanços e clarificação" nessa "promiscuidade entre público e setor privado".
"A posição do BE é clara", referiu Catarina Martins, lembrando que "até há pouco tempo havia mais posições claras. O PS estava de acordo, o PCP também, era preciso defender o Serviço Nacional de Saúde da sangria dos privados". Porém, agora "o Governo e o PS estão com dificuldades de explicar a sua posição aos seus próprios militantes".
Para o BE, evocando "o apelo de António Arnaut para salvar o SNS", importa garantir que "onde o SNS dá resposta não deve dar o dinheiro aos hospitais privados, e que as PPP devem acabar, porque é uma forma de pôs os concorrentes privados dentro do SNS a fragilizar o SNS".
Jerónimo, pedindo que "não se adiem" as "medidas urgentes e mais emergentes para tantos portugueses que sofrem com esses atrasos", observou que a aprovação da nova lei "não impede que sejam tomadas medidas de emergência, tendo em conta a situação em que se encontram muitos utentes carenciados de meios, carenciados de profissionais, carenciados de financiamento".