O PCP considerou esta quinta-feira que a "guerra não é solução" para a resolução da situação entre a Ucrânia e a Rússia e exortou o Governo a contrariar a "escalada de confrontação política" impedindo o envolvimento de militares portugueses.."A guerra não é solução seja para que problema for e é preciso fazer esforços para a evitar", sustentou o líder parlamentar comunista, João Oliveira, durante um debate da comissão Permanente da Assembleia da República, com a participação do ministro dos Negócios Estrangeiros, sobre a invasão da Rússia à Ucrânia, durante a madrugada desta quinta-feira..O PCP foi o único partido até agora a recusar condenar o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, pela invasão do território ucraniano e João Oliveira referiu que é "evidente que a situação que se vive na Ucrânia não é um problema entre russos e ucranianos, nem apenas uma disputa por território ou demarcação de fronteiras".."O problema é mais profundo, mais amplo e ultrapassa em muito o leste europeu", argumentou, apontando o dedo aos Estados Unidos da América (EUA), "os verdadeiros interessados numa nova guerra na Europa" e que estão "dispostos a sacrificar até ao último ucraniano ou europeu para a promover"..Na ótica do PCP, Washington está a promover uma nova guerra "a milhares de quilómetros das suas fronteiras" para "desviar atenções de problemas internos" e "assegurar a venda de armamento em larga escala"..O dirigente da bancada comunista disse ainda que "não é expectável que a Rússia, cujo povo conheceu na história colossais agressões, venha a considerar aceitável que o inimigo", ou seja, a Aliança do Tratado do Atlântico Norte (NATO) "esteja acampado nas suas fronteiras ou lhe faça um cerco militar por via de um ainda maior alargamento"..Na resposta às declarações do PCP, o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, disse que tinha registado que os comunistas não condenaram a invasão russa decidida por Putin.."Ainda tem 13 segundos para o fazer", desafiou Santos Silva..No entanto, João Oliveira disse que o governante pediu ao PCP para condenar "apenas uma circunstância".."Condenamos todos o caminho que nos trouxe até aqui e condenamos todas as ações que contribuem para o mesmo objetivo. A escalada de confrontação política, económica e militar não é um ato ou uma circunstância isolada", completou, alegando que para isso contribuiu a "extensão, durante 30 anos, das fronteiras da NATO" com a Rússia..O líder parlamentar comunista finalizou que "é preciso condenar tudo aquilo que contribua para um desfecho violento deste conflito"..Santos Silva respondeu que "essa técnica de querer condenar tudo ao mesmo tempo é o melhor disfarce" para recusar condenar o Kremlin.