Paulo Santos

Começou no Sporting, mas a sua primeira grande oportunidade na I Liga foi no Benfica, onde foi campeão. Extremamente dedicado à família, brilha no Braga <br />
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Sai a correr dos treinos para poder estar o máximo de tempo possível com a família Trabalhador é a palavra mais usada para o descrever, desde a sua juventude até aos dias de hoje No Sporting de Braga encontrou o clube que lhe deu a estabilidade há muito procurada

"O Paulo Santos é uma pessoa, recatada, muito dedicada à família e partilha muito do seu tempo com a mulher e as suas duas filhotas. Dentro de campo é uma pessoa calma, que sabe do peso que tem na equipa e orientar os colegas." Quem o diz é João Tomás, amigo e colega de equipa no Sporting de Braga de Paulo Santos, guarda-redes que nas suas férias foi surpreendido pela chamada de Scolari, substituindo o lesionado Bruno Vale. Sair o mais rapidamente dos treinos para poder ir buscar as filhas à escola é uma situação comum. João Tomás destacou ainda que o amigo "faz tudo para ajudar aqueles por quem nutre uma amizade muito grande".

Actualmente Paulo Santos parece ter encontrado a estabilidade que durante anos desesperou ter. Talento das escolas do Sporting, passou pelas selecções jovens, onde se sagraria campeão europeu de sub-16 em 1989, numa equipa que contava com Luís Figo e Emílio Peixe, por exemplo. A carreira promissora que as suas exibições deixavam antever caiu por terra nesse mesmo ano. A irreverência natural da idade e a inexperiência de jogar sob pressão acabariam por lhe marcar a sua vida. No Mundial do mesmo escalão (agora sub--17), uma atitude irreflectida - respondeu à provocação dos adeptos baixando os calções - valer-lhe-ia uma suspensão de um ano, ordenada pela FIFA. Só voltaria a representar Portugal nos AA, a 15 de Novembro do ano passado, frente à Irlanda do Norte, em Belfast.

"Viram-no como um louco, o que não é verdade. Ele era e é muito bom em termos técnicos e acabaram por nunca lhe dar o devido valor", afirma Vital, treinador de guarda-redes nos bracarenses e que convive diariamente com Paulo Santos. Vital considera que "o incidente condicionou toda a carreira do jogador", salientando que "de repente ficou sem a importante formação nas selecções jovens".

O treinador descreve Paulo Santos como uma pessoa "férrea, que luta para alcançar os seus objectivos e a travessia no deserto na sua carreira durante alguns anos, contribuíram para mostrar todo o seu forte carácter, que lhe permitiu atingir o nível que hoje tem".

Na época 1993/94 dispôs da primeira oportunidade de se mostrar no principal escalão do futebol português. Tinha 21 anos quando Toni decidiu premiar toda a dedicação que Paulo Santos deu ao plantel, apesar de ter como concorrentes Neno e Silvino. A 2 de Junho de 1994 jogou 35 minutos no encontro com o Boavista, no Estádio do Bessa. "Quis transmitir-lhe o sinal que teria o seu momento. O Paulo já tinha mostrado o seu enorme potencial nas selecções", frisou o treinador que permitiu ao guarda-redes conquistar o seu único título nacional.

Para Toni foi importante que " o Paulo tenha conseguido estabilidade profissional no Braga, pois permitiu-lhe ganhar visibilidade". O técnico considera que o guarda-redes desde os tempos que o treinou no Benfica, sempre foi "muito trabalhador". "A sua tenacidade, a forma como nunca desistiu e sempre acreditou que poderia conseguir fazer melhor foram compensados com a chamada à selecção para ir ao Campeonato do Mundo", acrescentou.

Paulo Santos não singrou no Benfica - anteriormente havia representado o Mirense (IIB) e o Olivais e Moscavide (IIB), após a dispensa dos leões - e passou pelo Penafiel (II), Estrela da Amadora e Alverca. Em 2001, mais um grande apostou nele, desta feita o FC Porto. "O Paulo ainda fez alguns jogos pelos dragões, aproveitando a lesão do Vítor Baía. Contudo, outras questões acabaram por afastá-lo da equipa", relembrou Vital. Varzim e FC Porto B foram os clubes que se seguiram, até que o empréstimo ao Braga, em 2004, terminou com a instabilidade profissional.

"De início as pessoas estavam desconfiadas, afinal ele estava a substituir o Quim, que era muito querido aqui [tinha-se transferido para o Benfica]. As coisas não correram bem no primeiro jogo, mas ele superou todas as dificuldades", salientou o treinador de guarda-redes dos bracarenses.

Agora é um dos pilares de um Braga que esta temporada irá participar pela terceira vez consecutiva na Taça UEFA. A chamada à selecção foi uma consequência de mais um excelente época. "Ele queria muito lá estar e apesar de ter ficado triste pelo seu colega Bruno Vale, uma coisa garanto, ele está lá para jogar", realçou.

Perfil

Paulo Santos, Guarda-redes

Nasceu a 11 de Dezembro de 1972 (33 anos)

Começou nas camadas jovens do Sporting, representou posteriormente nove clubes, entre eles Benfica e FC Porto

Foi campeão europeu de sub-16 em 1989 e conquistou o título nacional pelo Benfica em 1993/94

É casado e pai de duas meninas

Os amigos realçam a extrema dedicação que Paulo Santos tem para com a sua família. Considerado uma pessoa recatada, descrevem-no como "muito trabalhador". Uma atitude irreflectida aos 16 anos num jogo de um Mundial do escalão marcou não só a sua carreira mas também a sua vida. Obrigado a lutar intensamente para que lhe fosse reconhecido o valor, após a dispensa do Sporting, onde cresceu como jogador, foi no rival Benfica que se estreou no principal escalão do futebol português, sagrando-se campeão nacional. Porém, a instabilidade continuaria, apesar de lhe ser reconhecido o talento para a posição, passando por vários clubes até o FC Porto o contratar. Mais uma vez não conseguiu singrar e seria em Braga que encontrou o clube que lhe trouxe a visibilidade que o levou de volta à selecção, desta feita os AA. A lesão de Bruno Vale permitiu que fosse ao Mundial e garante o seu treinador no Braga, Vital, que Paulo Santos não se contentará em ser a terceira opção e que está na Alemanha para jogar.

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