Paulo Futre promete dar luta à viciação de resultados

"Em vez de o guarda-redes defender, não defende. É muito fácil", disse ex-futebolista na apresentação do Conselho de Veteranos
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Um onze de luxo de antigos futebolistas, presidido por António Simões, foi ontem apresentado no Museu Nacional do Desporto, em Lisboa, como o primeiro Conselho de Veteranos, órgão consultivo criado pelo Sindicato de Jogadores. Hilário, Eurico Gomes, Carlos Manuel, Paulo Futre, Carla Couto, Beto, Nuno Gomes, Jorge Andrade e Hugo Viana, além do antigo extremo do Benfica e da seleção nacional nas décadas de 1960 e 1970, foram os ex-craques escolhidos.

Os objetivos desta equipa, que soma 626 internacionalização e mais de 80 títulos nacionais ou internacionais, passam pelo "reconhecimento da memória coletiva, discussão de questões estruturais do futebol, intervenção social, relação com comunidade, a hipótese de prosseguir os estudos e a preparação para o fim da carreira", assumiu o presidente do Sindicato, Joaquim Evangelista, que confessou ter mantido "conversas intermináveis" com a "figura incontornável" António Simões, 74 anos.

O antigo extremo, campeão europeu pelo Benfica em 1961-62 e medalha de bronze no Mundial de 1966, disse estar "lisonjeado por presidir o órgão" e salientou a "característica intergeracional" dos onze antigos futebolistas que o compõem.

A primeira reunião do novo órgão ainda não se realizou, mas a antiga glória do futebol português ficou a saber que Paulo Futre já tem um assunto para colocar em discussão. "A primeira situação que vou pôr em cima da mesa é a viciação de resultados. O sindicato tem de estar em cima dessa situação, porque o jogador e a sua família não podem passar fome. Tem de ser imposto um limite de dois ou três salários em atraso. Como está o futebol hoje e as casas de apostas, é fácil chegar uma proposta: em vez de se correr para a frente, corre-se para trás. Em vez de o guarda-redes defender, não defende. É muito fácil. Não falo dos jogadores privilegiados da I Liga, porque esses não vão ter problemas se tiverem dois ou três ordenados em atraso. Falo dos da II Liga, que podem ter dificuldades no dia-a-dia e passar fome", afirmou o antigo extremo, 52 anos, que vestiu as camisolas dos três grandes.

Aproveitar talento dos veteranos

"Três décadas numa área é sempre uma mais-valia para os vindouros. Temos de fazer uma ponte para que aqueles que cheguem venham a ser melhor do que nós. E isso no futebol não tem sido aproveitado. O know-how adquirido faz que possamos ajudar sempre, de uma forma genuína. O que este Conselho de Veteranos pode fazer é melhorar um bocadinho o futebol português e fazer respeitar o ADN do futebol português. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) tem homens do futebol extraordinários na sua estrutura, que se juntaram a um grande líder, no caso do Sr. Fernando Gomes", considerou o antigo defesa dos três grandes, Eurico Gomes, 62 anos.

Opinião semelhante tem o vice-presidente da FPF, Hermínio Loureiro: "Num país que ama futebol, não se pode desperdiçar o talento extraordinário destes veteranos escolhidos pelo sindicato e liderados pelo António Simões e todo o seu saber e a sua experiência."

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