Passos defende que rumo do Governo é para manter
Num discurso de 30 minutos, esta noite em Viseu, o presidente do PSD sublinhou que o endividamento que aconteceu desde 1999 até 2011 deixou o país sem "folga" para a educação, a cultura, a saúde ou a segurança social.
Até 2013, Portugal "terá pago oito mil milhões de euros de juros da dívida", recordou. "Já imaginaram a folga que não tínhamos", questionou, antes de dizer porque não foi possível, segundo o presidente do PSD, apostar nestas áreas. "A dívida foi contraída sem que as pessoas se apercebessem dela, com artifícios, varrida para debaixo do tapete." Não se espere portanto uma mudança no rumo. Afinal, disse Passos, "mal seria que uma campanha eleitoral não fosse de esperança". Mas, notou, "não pode ser um exercício de eleitoralismo". "Não posso vir prometer fazer o contrário do que fizemos até hoje."
O discurso do primeiro-ministro centrou-se nos últimos dados económicos positivos, para defender a política do seu Governo. "Aqueles que sempre criticaram, têm hoje uma grande dificuldade em explicar como é que começam a aparecer sinais positivos." E sem nomear, apontou ao PS. "Aqueles que dizem que se devem aliviar sacrifícios, com menos impostos, são aqueles que nos levaram a esta situação em 2011."
No regresso ao que já foi o "Cavaquistão", só o hino da campanha das maiorias laranjas de Cavaco fez recuar a esse tempo. Agora, o ambiente foi resguardado, num comício que ocupou o claustro da Pousada de Viseu, na véspera do arranque oficial da campanha eleitoral, para ouvir sete discursos, com um vídeo à mistura, onde se anuncia "um novo ciclo", numa autarquia presidida por Fernando Ruas há 23 anos (que recebeu uma das ovações da noite), e onde Almeida Henriques surge como "um líder reconhecido". Esta frase é acompanhada pela imagem do ex-secretário de Estado a ser condecorado pelo antigo Presidente da República, Jorge Sampaio - uma involuntária mãozinha socialista na campanha do PSD.
O atual presidente da Câmara, que não se recandidata por limitação de mandato, deixou um elogio a Passos Coelho, que "tem o perfil mais inspirador para um autarca": "Não se deixa vencer à primeira, sem receio, com capacidade de trabalho impressionante e capacidade de resistência que a todos espanta."
Na mesma linha, Almeida Henriques notou que "é preciso coragem, verticalidade e estar na vida com uma lógica de serviço para estar à frente do país" num momento como este. "Obrigado Pedro", disse. Antes de apontar farpas para o seu adversário socialista, José Junqueiro, que fez parte de uma "governação ruinosa, incompetente, que deixou o país nas mãos de credores internacionais", ao contrário do próprio Almeida Henriques que disse ter "muito orgulho" em ter pertencido a um governo que classificou como de "verdadeiro governo de salvação nacional".