Partidos reagem à mensagem de Marcelo
Numa mensagem de Ano Novo em que pediu uma economia forte, uma sociedade justa e políticos confiáveis, Marcelo Rebelo de Sousa, dirigindo-se aos portugueses no começo de um ano de eleições, insistiu na necessidade de uma maior justiça social e apelou à defesa da democracia, afirmando: "Pensem como demorou tempo e foi custoso pôr de pé uma democracia e como é fácil destruí-la, com arrogâncias intoleráveis, promessas impossíveis, apelos sem realismo, radicalismos temerários, riscos indesejáveis"
Os principais partidos políticos, à exceção do PSD, já reagiram à mensagem do Presidente.
Luís Fazenda, dirigente do Bloco de Esquerda, viu no apelo à defesa da democracia expresso na mensagem do Presidente a "necessidade do combate à extrema-direita, aos Bolsonaros deste mundo", disse, sublinhando que o BE pretende levar esse combate "adiante".
Todavia, o dirigente apontou um "ponto fraco" da mensagem de Marcelo que, apesar de apelar à defesa da democracia, "nos encaminha cada vez mais para as políticas da União Europeia" e essas, considera, contêm uma "contradição insanável com esses objetivos do desenvolvimento da justiça social".
Referindo-se também à "exigência" a que Rebelo de Sousa apelou, o dirigente afirmou que o Bloco estará exigente - "connosco e com terceiros" - para, entre outros aspetos, "garantir os direitos dos trabalhadores, alterar a legislação laboral e salvar o Serviço Nacional de Saúde".
João Dias Coelho, do PCP, que começou por "saudar o povo português pela sua luta que permitiu repor e conquistar direitos durante o ano de 2018", considerou, face à insistência do Presidente na justiça social, que para os comunistas uma melhor distribuição da riqueza significa o aumento dos rendimentos, a melhoria dos salários, das reformas, das pensões".
"Fica demonstrado que não há caminho alternativo, não é possível uma melhoria, se não houver uma política alternativa. É essa política que o PCP propõe ao país", afirmou Dias Coelho à SIC, referindo-se a uma política "que rompa com a que PS, PSD e CDS impuseram ao povo português".
O vice-presidente do CDS Nuno Melo reagiu à mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa sublinhando que o Presidente apelou a escolhas exigentes e que o CDS "será expressão dessa exigência".
O cabeça de lista do partido às eleições europeias de 2019 referiu ainda que o CDS "é uma alternativa a um governo muito mau, a um governo falhado". O dirigente centrista fez um elenco das razões pelas quais considera que o atual governo socialista "dificilmente faria pior": dos "aumentos da lista de espera" na saúde à situação na CP, aos incêndios ou à estrada municipal que ruiu em Borba.
A secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, afirmou à Lusa partilhar "todas as preocupações" referidas pelo Presidente da República na sua mensagem de Ano Novo, considerando que os próximos tempos exigem "bom senso" na governação.
Para a número dois da direção dos socialistas, "o Presidente da República fez um apelo fortíssimo que o PS também tem vindo a fazer ao longo dos tempos".
"A exigência de reforçar a democracia significa dar credibilidade a quem todos os dias tem de executar as políticas, dar respostas concretas às pessoas e não nos deixarmos cair em extremismos e radicalismos que atingem outros países europeus. Só com uma democracia robusta podemos combater os fenómenos populistas", acrescentou.