Precisamente um ano depois de Angela Merkel ter aberto as portas aos refugiados e um ano antes das eleições a nível nacional, a CDU, o partido da chanceler, foi ultrapassado pelos populistas da Alternativa para a Alemanha (Afd) e ficou em terceiro lugar nas autárquicas hoje disputadas em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Este é o estado onde Merkel joga em casa, aquele pelo qual é eleita deputada desde 1990.."É uma derrota com um enorme simbolismo. Por agora, Merkel, a participar na cimeira do G20 que decorre na China, observa tudo a uma distância segura. Mas, quando regressar, vai encontrar um ambiente difícil, com os críticos dentro do próprio partido a exigir que a CDU se desloque mais para a direita", explica ao DN Thorsten Benner, politólogo e diretor do Instituto de Políticas Públicas Globais, com sede em Berlim..[citacao:É uma derrota com um enorme simbolismo].As eleições foram ganhas pelos sociais-democratas do SPD, partido situado no centro-esquerda do espectro político, com 30% (menos cinco pontos do que em 2011). A Afd, que concorreu pela primeira vez em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, obteve perto de 22% dos votos e relegou a CDU (União Democrata Cristã) para terceiro lugar, com cerca de 20% (menos três pontos do que nas eleições anteriores)..Ainda assim, o mais provável é que o SPD volte a coligar-se com a CDU e continuem à frente dos destinos do estado, algo que acontece desde 2006. As duas forças políticas juntas deverão somar 40 dos 71 lugares da assembleia.."Este resultado é uma chapada na cara de Merkel. Os eleitores disseram claramente que estão contra as desastrosas políticas de imigração que tem vindo a seguir", afirmou Frauke Petry, um dos principais dirigentes da AfD, assim que foram conhecidas as primeiras projeções..Curiosamente, segundo revela o The Guardian, o Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental é o terceiro estado alemão que menos refugiados recebeu. Em 2015 foram registados 23 mil pedidos de asilo, cerca de um quarto dos alocados aos estado de Hesse, que tem sensivelmente a mesma dimensão. Com 1,6 milhões de habitantes, apenas cerca de 3,7% da população do Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental não é de ascendência germânica.