Parlamento do Peru destitui presidente por "incapacidade moral"

Martin Vizcarra nega as acusações de corrupção que remontam ao tempo em que foi governador, em 2014.
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O parlamento do Peru destituiu na segunda-feira o presidente Martin Vizcarra por "incapacidade moral", no seguimento da segunda moção de censura apresentada noutros tantos meses contra o líder do país sul-americano.

A moção para destituir o chefe de Estado, popular pela sua intransigência contra a corrupção, teve como motivo alegados subornos recebidos por Vizcarra em 2014, como governador, e teve mais votos do que os 87 (de 130 deputados) necessários para a destituição.

O presidente do Parlamento, Manuel Merino, de 59 anos, assume o comando do país até ao final do mandato de Vizcarra, em 28 de julho de 2021. As eleições gerais e presidenciais estão marcadas para abril.

Tal como tinha prometido, Vizcarra apresentou-se no debate desde a primeira hora de segunda-feira, para apresentar a sua defesa, negou perentoriamente ter recebido qualquer tipo de suborno e criticou duramente o processo de destituição, aberto sob acusações não corroboradas pela justiça do país.

"Não existe prova de crime, nem existirá, porque não cometi nenhum crime, não recebi nenhum suborno. São dados falsos, não corroborados, de um processo de investigação que está apenas a começar, são hipóteses", disse Vizcarra.

Apesar disso, praticamente todas as bancadas do Parlamento se mostraram hostis para com o mandatário, que foi acusado de ser "mentiroso", "imoral", "corrupto" e responsável por toda a instabilidade política que se vive no Peru.

"Vou deixar o palácio do governo como entrei há dois anos e oito meses: com a minha cabeça erguida", disse Vizcarra, rodeado pelos seus ministros, no pátio do palácio, indicando que regressaria de imediato à sua residência privada. "Saio de consciência limpa e com os meus deveres cumpridos", acrescentou.

Muitos peruanos fizeram marchas e protestaram contra a destituição, batendo com tachos e panelas, em Lima e noutras cidades do país.

A presidência de Vizcarra termina de forma semelhante à do seu antecessor, Pedro Pablo Kuczynski, um antigo banqueiro de Wall Street que foi forçado a demitir-se em 2018 diante da ameaça de impeachment por acusações de corrupção.

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