O Parlamento aprovou esta sexta-feira um "voto de condenação da repressão de manifestantes na Ponte 25 de Abril ordenada pelo Governo autoritário do PSD e de solidariedade com as suas vítimas", perante os protestos da bancada social-democrata, com deputados a gritarem "vergonha PS"..PS, BE, PCP, PEV e PAN votaram a favor, viabilizando assim o texto apresentado pelo PCP. Só dois socialistas, Ascenso Simões e Fernando Rocha Andrade, votaram contra, acompanhando as bancadas do PSD e CDS..O texto dos comunistas começa por assinalar que "faz hoje particular sentido relembrar a brutal repressão de manifestantes na Ponte 25 de Abril ordenada pelo Governo PSD", que teve lugar em 24 de junho de 1994..O PCP escreve que, "perante os protestos populares contra o aumento em 50% do valor das portagens, a ordem dada pelo Governo PSD", então dirigido por Cavaco Silva, "para a carga policial no dia 24 de junho de 1994 impôs pela violência aquilo que o Governo tinha tentado, sem sucesso, durante uma semana: calar a contestação popular e impedir milhares de cidadãos de exercerem os seus direitos cívicos"..Segundo o Parlamento, agora que o texto foi aprovado, "havia já nove anos que o Governo PSD impunha ao país uma política de retrocesso social, liquidando direitos sociais, tentando silenciar a crescente contestação popular e social e reprimindo a luta dos trabalhadores e das populações, por vezes de forma violenta, como aconteceu na Ponte 25 de Abril"..O texto sinaliza que "o resultado da violenta repressão dos manifestantes ordenada pelo Governo PSD foi avassalador, com o país em sobressalto, dezenas de detenções e feridos, entre os quais um jovem que viria a ficar paraplégico após ser atingido por uma bala". .Segundo o voto, este jovem "25 anos depois ainda aguarda o desfecho do calvário judicial que foi obrigado a percorrer pela recusa do Governo PSD em assumir responsabilidades pelo ocorrido"..O PCP sinaliza que, "apesar da brutal repressão desencadeada contra os manifestantes, o Governo foi obrigado a recuar na decisão que havia tomado e a tomar medidas de resposta às exigências das populações", somando-se estes protestos na ponte "a muitas outras ações de luta que vinham sendo desenvolvidas pelos trabalhadores e as populações e que isolaram política e socialmente o Governo PSD, conduzindo à sua derrota e pondo fim ao que ficou negativamente designado como período do cavaquismo", na única referência que o texto faz a Cavaco Silva, então primeiro-ministro e ex-presidente da República.