Odemira é a única câmara do litoral alentejano que não adere à tolerância de ponto decidida pelo Governo para sexta-feira durante a visita do papa Francisco a Portugal, repetindo a opção tomada em 2010..O Governo resolveu dar tolerância de ponto aos funcionários da administração pública, que estão assim dispensados no primeiro dia da visita do papa Francisco a Portugal, sexta-feira, medida a que aderiram quatro das cinco câmaras municipais do litoral alentejano..O município de Odemira (PS) optou por não dar tolerância de ponto, uma posição que tinha também já tomado em 2010, aquando da visita do papa Bento XVI a Portugal..A Lusa tentou, sem sucesso, contactar o autarca de Odemira, José Alberto Guerreiro, que, há sete anos, justificou a medida defendendo ser fundamental, dentro de um "cenário de crise", um "funcionamento mais assíduo" para dar "algum sentido mais sério e mais responsável ao funcionamento da Administração Pública"..Nessa altura, em 2010, os funcionários do município de Odemira não foram os únicos do litoral alentejano a trabalhar no dia em que o Governo decretou a tolerância de ponto, uma vez que também as câmaras de Sines (à data, liderada pelo movimento SIM) e de Santiago do Cacém (CDU), decidiram não aderir à medida..Este ano, no entanto, estes dois municípios optaram por dispensar os funcionários, à semelhança das câmaras de Alcácer do Sal e de Grândola, ambas da CDU.."Sabendo nós que o país é laico, mas que tem uma forte tradição católica, é o ano do centenário das 'aparições' de Fátima, para quem é crente, e a vinda do papa [Francisco], entendeu a Câmara que fazia sentido" aderir à medida, justificou Álvaro Beijinha, que lidera o município de Santiago do Cacém (CDU) desde 2013..Em Sines, segundo disse à Lusa o presidente do município, Nuno Mascarenhas (PS), o próprio regulamento interno de funcionamento "prevê que, no caso de tolerâncias de ponto atribuídas pelo Governo", sejam "também concedidas aos trabalhadores", estando previsto manterem-se contudo ativos na sexta-feira os "serviços de limpeza, vigilância e de transportes urbanos"..No despacho, assinado pelo primeiro-ministro, António Costa, explica-se que a tolerância de ponto abrange todos os trabalhadores que exercem funções públicas nos serviços da administração direta do Estado, sejam eles centrais ou desconcentrados, e nos institutos públicos..Ficam de fora "os serviços e organismos que, por razões de interesse público, devam manter-se em funcionamento naquele período, em termos a definir pelo membro do Governo competente". Nestes casos, os serviços devem promover a equivalente dispensa do dever de assiduidade dos trabalhadores em dia posterior..A decisão é ainda justificada com a "tradição já existente", sedimentada na concessão de tolerância de ponto aquando das visitas a Portugal dos papas João Paulo II e Bento XVI.