Palavras do Papa sobre casais homossexuais não mudam a doutrina da Igreja

Vaticano diz que as declarações no documentário pertenciam a duas respostas diferentes editadas e publicadas como se fossem uma só e sem contextualizar.
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O Vaticano enviou aos núncios de todo o mundo um esclarecimento sobre as declarações do Papa Francisco relativas à união civil de homossexuais, garantindo que não mudam a doutrina da Igreja.

A explicação admite que as palavras do Papa no documentário Francesco, do realizador Evgeny Afineevsky, divulgado recentemente, pertenciam a duas respostas diferentes editadas e publicadas como se fossem uma só e sem contextualizar, e que se referia a leis estaduais não alterando, por isso, a doutrina da Igreja.

O esclarecimento enviado pela Secretaria de Estado do Vaticano aos núncios do todo o mundo pretende dar "uma adequada compreensão" das palavras do Papa proferidas no documentário sobre uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Esta nota explicativa, sem data, cabeçalho ou carimbo oficial, não foi ainda divulgada oficialmente pela sala de imprensa do Vaticano, mas no México, segundo a Agência Ecclesia, o próprio núncio já publicou o conteúdo do texto nas redes sociais.

"Os homossexuais têm o direito a ter uma família. Eles são filhos de Deus", disse Francisco numa das suas entrevistas para o filme Francesco do realizador Evgeny Afineevsky.

"O que temos de ter é uma lei da união civil. Dessa forma, eles estão legalmente cobertos", frisou o Papa.

Enquanto servia como arcebispo de Buenos Aires, Francisco defendeu a união civil para casais homossexuais, no entanto nunca até hoje se tinha manifestado sobre o assunto na qualidade de Papa.

Em 2003, no pontificado ainda de João Paulo II, a Congregação para a Doutrina da Fé (liderada pelo futuro papa Bento XVI) publicou as "considerações sobre propostas para dar reconhecimento legal às uniões entre homossexuais". No documento lê-se: "A Igreja ensina que o respeito pelos homossexuais não pode levar de maneira alguma à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homossexuais", considerando que "o reconhecimento legal das uniões homossexuais ou colocá-las ao mesmo nível do casamento significaria não apenas a aprovação do comportamento desviante, com a consequência de torná-lo um modelo para a sociedade atual, mas também obscurecer os valores básicos que pertencem à herança comum da humanidade".

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