Várias escolas do país contactadas pela agência Lusa indicam quebras nas inscrições ou diminuição de aulas - de três ou quatro vezes por semana para apenas uma vez - da ordem dos 40 a 60 por cento, em resultado dos constrangimentos financeiros no orçamento das famílias.. A Verbos Inúmeros, com sede em Alcochete, desenvolve desde há três anos um projeto pedagógico em escolas privadas e públicas, com aulas de dança para cerca de 400 crianças na região da Grande Lisboa. . Marta Janela, da direção da escola, avalia em 40 por cento a quebra de inscrições nas aulas de bailado clássico, dança criativa, hip-hop e breakdance.. "Mesmo com mensalidades entre os 20 e 25 euros, os pais estão a enfrentar dificuldades e acabam por cortar em coisas que consideram mais supérfluas, como as aulas de dança", explicou.. No Porto, a Associação para a Arte e Movimento (APAM) enfrenta também quebras, não devido a desistências, mas no número de aulas, disse à Lusa Margarida Isabel Martins, bailarina, professora e fundadora da entidade, que dá aulas a 120 crianças.. "As inscrições até aumentaram, não me posso queixar, mas a grande quebra está no número de aulas por semana. As crianças que tinham três a quatro aulas semanais passaram a vir uma vez por semana. Os pais não dizem frontalmente que é por dificuldades financeiras, mas dá para perceber, é natural, porque a crise é real", avaliou.. Por estar instalada num edifício da câmara municipal, a escola "pode oferecer preços acessíveis, mas, mesmo assim, os pais fazem as suas contas no orçamento e são obrigados a cortar nos gastos".. "No entanto, fazem um esforço para não retirarem totalmente as crianças, porque percebem que é uma atividade que lhes faz bem, e que a dança é importante para a formação de qualquer criança", salientou Margarida Martins.. Em Lisboa, na Little Gym, uma escola que dá aulas de dança e ginástica para crianças, "a redução não tem sido muito significativa", indicou a direção.. "No início do ano, como as notícias sobre a situação do país eram muito negativas, as inscrições baixaram, houve algumas desistências, mas em março foi melhor", indicou Rodrigo Viegas, responsável por esta escola em Lisboa, uma das 250 unidades que a multinacional tem, espalhadas pelo mundo.. Na opinião de Rodrigo Viegas, a quebra pode ter sido ligeira por a escola ser "dirigida à classe média/alta, com maior poder aquisitivo".. "As pessoas que temos vão-se mantendo porque se apercebem que o programa aqui oferece qualidade. Mas obviamente, pela crise, estão mais preocupadas e cautelosas com as despesas", concluiu.. O Dia Mundial da Dança é celebrado desde 1982 a 29 de abril, tendo sido oficialmente instituído pelo Conselho Internacional da Dança (CID) para recordar o nascimento do coreógrafo francês Jean-Georges Noverre (1727-1810), um dos pioneiros da dança moderna.