Pais pedem expulsão de educadora que acusam de dar palmadas em crianças

À sua maneira, as crianças entre os 3 e os 5 anos têm vindo a relatar calduços, safanões, pisadelas, palmadas, situações em que ficaram amarradas pelas mãos com os próprios bibes e com a cara virada para a parede. Já há queixa na GNR
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As primeiras queixas surgiram ainda em janeiro entre as crianças que frequentam a "sala verde" do Jardim de Infância de Cajados (Palmela). Seis pais alertaram a direção desta escola básica que os filhos, entre os 3 e os 5 anos, estavam a relatar episódios de violência, denunciando que a educadora lhes batia. Alguns começaram a recusar ir à escola e outros assumiram comportamentos "estranhos". A professora foi confrontada e terá admitido que as palmadas eram apenas para manter os "alunos acordados". Depois de um inquérito interno a educadora continuou na "sala verde", onde esta semana surgiram novas queixas, levando uma mãe a retirar o filho da escola e outra a apresentar queixa na GNR.

Foi o filho de Vânia Souza, com 5 anos, o primeiro a contar à mãe que a educadora lhe tinha batido, dando conta de "calduços, pisadelas e palmadas nas costas das mãos", relata a progenitora. "O meu filho queixa-se muito, mas é a minha filha, que tem 4 anos e anda na mesma sala quem está mais traumatizada por assistir ao que se passa com o irmão. Até começou a fazer as necessidades nas cuecas", denuncia, para justificar a queixa que fez ontem à GNR, levando os militares a deslocarem-se à escola para ouvirem as partes, devendo agora a investigação seguir para o Ministério Público.

Vânia Sousa já confrontou a professora com as queixas das crianças. "O meu filho estava com medo delas, mas disse na sua frente o que se passava", relata esta mãe, revelando que foi depois da educadora ter admitido a conduta que decidiu chamar as autoridades. "Se a professora não for expulsa, garanto que vou retirar os meus filhos dali", assume ao DN, enquanto uma outra mãe (Vânia Carromeu) já deu esse passo, mantendo o filho de 4 anos em casa.

Já o representante dos pais do pré-escolar, Nuno Passos, considera que a educadora deveria ser afastada da escola, pelo menos, enquanto decorre o processo, tendo em sua posse o dossiê com as queixas dos seis encarregados de educação. "Falam em calduços, safanões, pisadelas, palmadas, crianças que chegaram a casa com as mãos vermelhas e outras que foram amarradas pelas mãos com os próprios bibes, ficando de cara virada para a parede", relata, confirmando que as queixas começam há mais de quatro meses quando a professora regressou à escola, após ter estado uma temporada de baixa.

"A minha filha também está na sala. Não se queixa de nada, mas quando lhe pergunto se alguns meninos levam palmadas percebo que ela se fecha e não quer falar", acrescenta Nuno Passos, recordando que os relatos das crianças são sempre iguais. "Nenhuma criança de 3 ou 4 anos consegue estar sempre a mentir", acrescenta, tendo ainda queixas de "gritos intimidatórios" por parte da educadora em plena sala de aula.

O DN contactou a escola de Cajados, que remeteu para a direção do agrupamento José Saramago, no Poceirão, alegando que não podia fazer nenhum comentário sobre o assunto. Já na sede de agrupamento foi-nos informado que a diretora se tinha ausentado e que só estaria esta sexta-feira.

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