Pais de vítima aceitam carro e férias para não ficarem com netas
Os pais da advogada de 38 anos, Ana Rita Antunes, que alegadamente foi assassinada pelo marido, aceitaram ceder a guarda das duas netas menores aos pais de Rui Andrade, suspeito de ter morto a mulher em 2014, simulando depois um acidente de automóvel. O Tribunal da Guarda decidiu esta segunda-feira condenar Rui Andrade a 19 anos de prisão, pelo crime de homicídio qualificado.
Segundo o JN, a decisão de troca da guarda das duas filhas do casal, que na altura da morte da mãe tinham cinco e sete anos, foi decidida pelo Tribunal de Pombal a 13 de abril. Mário e Irene de Andrade, pais do alegado homicida, ficam obrigados a entregar um carro de cinco lugares e com menos de 30 mil quilómetros e a ceder, a título de empréstimo, a casa que têm no Algarve para os avós maternos poderem aí passar uma semana de férias com as crianças todos os anos. A decisão entra em vigor com o fim do ano escolar, a 9 de junho, refere o jornal.
Apesar do compromisso de não comentarem o acordo antes desse período, o JN adianta que as alterações foram referidas pelo advogado de Rui Andrade nas alegações finais do julgamento por homicídio. Hélder Fráguas, advogado do acusado, requereu certidão do novo acordo de responsabilidades parentais para alegar que os avós maternos "só querem dinheiro", acrescenta ainda o JN.
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Ana Rita Antunes morreu em 2014. Inicialmente a morte teria sido uma consequência de um acidente de carro que os casal sofreu, mas o desenrolar da investigação apontou noutro sentido: a advogada teria sido assassinada, mostrando sinais de asfixia e de agressão na cabeça. As suspeitas recaíram sobre o marido, Rui Andrade, que teria descoberto que a mulher tinha uma relação fora do casamento e que queria terminar a relação que mantinham há 19 anos.
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Segundo a acusação, o arguido, motivado por ciúmes, agrediu a companheira e, "com o intuito de provocar na vítima lesões compatíveis com a tese de acidente e que permitissem ocultar as lesões que lhe havia infligido voluntariamente, decidiu simular a ocorrência de um acidente de viação".