Cansado pela doença e pela idade, a "alma" do congresso que, anualmente é local de atração de vários "profissionais" do oculto, revelou hoje à agência Lusa estar "na hora" de entregar a responsabilidade da organização a outras pessoas..A ideia, explicou, era criar um grupo de trabalho com um representante da junta de freguesia de Vilar de Perdizes, da Associação de Defesa do Património, do Ecomuseu do Barroso e da Câmara de Montalegre.."Quero passar a bola porque não penso ter muitos mais anos para aguentar com a carga de organizar um congresso desta natureza. A doença cansa-me", frisou..Neste momento, acrescentou, está tudo às suas costas. .A 26ª edição do Congresso de Medicina Popular, que arrancou quinta-feira e encerra hoje, teve, na opinião do sacerdote, um balanço positivo, mais visitantes e condições para mais anos de vida..O mentor do certame considerou que, apesar do seu sucesso, a organização pode ser melhorada com uma maior profissionalização da gente da aldeia de Trás-os-Montes e uma preparação mais "antecipada". .A animação, referiu o pároco, também pode ser aperfeiçoada porque funciona como atrativo e deveria estar a cargo do município. .O padre Fontes salientou que a organização do congresso não é "nenhum bicho-de-sete-cabeças" porque tem uma estrutura definida e atração, pelo que a iniciativa sobrevive por si própria. .A aldeia cresceu com a realização do evento, que levou à a criação de restaurantes, hospedarias, padarias e produtores de licores e chás, mas segundo o padre, poderia "emancipar-se" muito mais. ."Vilar deveria criar mais expetativas e ter maior criatividade para abarcar a oportunidade de fazer, expor e vender mais produtos da terra", disse..O vereador da Cultura de Montalegre, Orlando Alves, defendeu, em declarações à Lusa, a realização do congresso de dois em dois anos para evitar a sua descredibilização e vulgarização..Contudo, o padre Fontes discorda e realçou que já fez a experiência e deu "muito mais" trabalho e o evento "perdeu embalagem". .O objetivo continua igual desde 1983: divulgar a cultura e sabedoria do Barroso e dar a conhecer a medicina popular e os seus benefícios. .Durante quatro dias, Vilar de Perdizes foi local de encontro de cartomantes, endireitas, bruxos, videntes, exorcistas e ervanários com massagens, fotografias da aura e ervas para os males do corpo e alma..Além disso, um misto de investigadores, especialistas de medicinas alternativas e doenças da mente e do espírito debateram temas como o exorcismo, dietas, medicina tradicional chinesa e poder curativo das plantas.