Os suspeitos do costume e um assunto de família

Entrevistas. Frederico Morais e Carol Henrique venceram a quarta etapa da Liga Moche na Praia Grande.
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O surfista de Cascais conseguiu o segundo triunfo do ano, a luso-brasileira já vai no terceiro consecutivo. Carol lidera o ranking feminino e o irmão, Pedro Henrique, é o n.º 1 nos homens. Conseguirão ambos festejar o título na última etapa?
O DN falou com os dois vencedores da última etapa da Liga Moche, na Praia Grande

FREDERICO MORAIS
"É uma liga muito renhida, com um nível de surf altíssimo"

Já venceu duas das três etapas em que participou na Liga Moche, além do triunfo na Martinica. O ano está a correr bem...

Tem sido um bom ano, é uma Liga Moche muito renhida, com um nível de surf altíssimo. Infelizmente, tive uma derrota precoce no Porto, o que me complica as contas para o título nacional, mas o balanço é positivo. As etapas têm sido fantásticas.

Só falta uma etapa, com o top 5 muito junto na frente. Qual vai ser o adversário a abater em Cascais?

Não sei, para ser campeão nacional basta--me chegar à final, por isso é tentar fazer o melhor surf possível e revalidar o título.

O foco principal do ano é a qualificação para o circuito mundial. Por isso, qual a importância de renovar o título nacional?

É sempre um título importante, o de campeão nacional, apesar de não ser o objetivo principal. Mas tem importância e por isso tento fazer a liga sempre que estou por cá. É um título com bastante significado.

Até à final (na etapa da Praia Grande), o Vasco Ribeiro tinha sido o surfista mais pontuado em todas as rondas. Na Martinica já o tinha vencido. Alguma explicação para levar a melhor sobre ele nas últimas vezes que se defrontaram?

Não sei, não há nada que o explique, durante os 35 minutos que surfámos juntos fui o melhor, acho que é a única explicação. São heats muito renhidos, com muitos scores dos dois lados, e pronto.

Qual o significado da vitória na Martinica?

É uma motivação gigantesca, foi a minha primeira vitória num WQS [circuito de qualificação mundial]. Com a queda de muitos eventos WQS10 000, estes acabam por ser bem mais importantes neste ano. Esses 3000 pontos deixaram-me no topo do ranking, vamos ver como corre até ao fim do ano.

Qual a próxima competição?

Vou para a África do Sul, há um QS1000, é esse o meu foco, e vamos ver como corre.

É desta que o Frederico e o Vasco vão conseguir a tão ambicionada qualificação para a elite?

Ambos temos percursos diferentes, mas quanto a mim este resultado na Martinica deixou-me mais próximo. Sei qual é o meu foco, já tracei o meu caminho e no final do ano vamos ver se resulta ou não. O esforço, a dedicação e a vontade estão cá, vou continuar a procurar mais bons resultados.

Os bons resultados no ano passado na etapa do Mundial em Supertubos viraram mais as atenções para vocês nas provas do WQS?

Acho que no mundo do surf as pessoas já tinham noção do nosso valor. Esses resultados talvez possam ter acentuado as atenções um bocadinho mais, mas tanto eu como o Vasco não aparecemos do nada, já tínhamos várias vitórias noutras competições e as pessoas já nos conhecem.

A decisão de a Liga Moche ser apenas em outubro pode ser prejudicial devido ao WQS entrar numa fase decisiva?

Não sei, sinceramente, ainda não pensei nisso. Na altura logo vejo como é que vai ser, mas acho que não vai interferir em nada nem ser prejudicial.

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CAROL HENRIQUE
"Era incrível eu e o Pedro festejarmos o título"

Três vitórias consecutivas é um feito...

Fico muito feliz em ter começado bem o ano de competições na Liga Moche, mostra que os treinos têm dado certo e dá muita confiança para as etapas internacionais.

Quais os fatores mais importantes para estes resultados terem acontecido?

Tenho-me sentido muito confortável nas competições, o surf é algo que sempre fez parte da minha vida e sou muito feliz a fazer o que amo! Acho que a paixão pelo surf e bons treinos tem feito uma mistura bem boa.

Depois de ser campeã nacional júnior, está muito perto de vencer a Liga Moche. Seria um sonho concretizado?

Acho que todos os surfistas em Portugal têm o sonho de chegar a campeão nacional, e para mim seria incrível e realmente um sonho realizado.

Teresa Bonvalot tem dominado a liga nos últimos anos. Neste ano ainda não conseguiu ganhar nenhuma etapa, você já tem três vitórias. Como vê esta mudança no topo do surf feminino?

O surf cá em Portugal tem melhorado bastante, as miúdas têm surpreendido a cada etapa e é algo bonito de se ver! E acho que só tende a melhorar.

Como é a sua rotina de treinos?

Conto com a ajuda do meu preparador físico, João Moisés, e estou sempre a treinar no ginásio, o que me mantém em forma entre as competições e me dá muita confiança dentro de água. Também treino bastante com o Rodrigo Sousa e tenho procurado evoluir de campeonato para campeonato.

Qual a importância de ter muitas vezes a companhia do seu irmão nas etapas do WQS e quando acha que conseguirá chegar ao circuito mundial?

O meu irmão ajuda-me bastante, é incrível poder estar com ele nas etapas do WQS, puxa bastante por mim, algo que é muito bom. O CT [circuito de elite] sempre foi um sonho, vou continuar a treinar e quero poder estar surfando e evoluindo para competir a alto nível nas etapas de acesso ao WQS.

Ainda continua à procura de um patrocinador principal que lhe permita fazer os WQS com mais tranquilidade?

Sim, é algo que faria muita diferença, apenas pensar no campeonato e poder correr as etapas mais importantes. Mas acho que estou no caminho certo, o foco são os treinos e estar a competir de forma confortável.

O Pedro subiu à liderança do ranking masculino. Já imaginou ambos a festejar o título nacional em Cascais?

O Pedro está numa fase muito boa... Era incrível festejar com ele esse título, mas ainda faltam alguns resultados, é continuar a treinar e dar o melhor em cada heat. Fico muito feliz por ter pessoas incríveis a torcer por nós. Desde que cheguei a Portugal senti--me muito bem recebida. O meu irmão já morava em Cascais e a minha família paterna é portuguesa, o que me deu bastante tranquilidade. Sinto-me abençoada por estar rodeada de pessoas queridas que torcem por nós, o que dá uma vibração muito boa nas competições.

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