Os londrinos europeístas e os céticos no resto da Inglaterra
Pedro Brazão Ferreira, 50 anos, engenheiro informático, vive desde 2011 em Croydon, no limite sudeste de Londres, capital da Inglaterra e do Reino Unido, que agrega ainda o País de Gales, a Escócia, a Irlanda do Norte.
"Londres é um caldo de culturas de todo o Mundo, uma verdadeira capital internacional onde se vive e trabalha num ambiente tão rico e diverso que é fácil entender a tendência dos britânicos londrinos em defender uma Europa unida, na qual o seu país participe e seja uma locomotiva do sonho de Schuman e Delors.
Já os ingleses não-londrinos, os que vivem em Manchester, Liverpool, Oxford ou Cambridge, não hesitam em mostrar o seu ceticismo quanto a uma organização pesada, burocrática e limitadora da sua maneira de estar em comunidade. Diversas vezes salvaram os europeus de tiranias vãs, adoram viajar pelos quatros cantos do Velho Continente e todos já passaram férias no Algarve pelo menos uma vez na vida.
No entanto, é fácil encontrar a ideia comum de que "se fizemos o Império sozinhos, porque precisamos agora de ser governados pelos outros europeus?"
As restantes nações do Reino Unido não as conheço suficientemente para fazer uma caracterização tão precisa, mas uma coisa é óbvia, a discussão maior acaba sempre no poder e nas regalias duma Inglaterra que ainda sentem feudal e privilegiada.
Para esses, a questão europeia talvez se tornará o primeiro assunto quando o Reino Unido deixar de o ser, razão pela qual em 2016 os britânicos votaram em referendo a saída da União Europeia, o Brexit, processo ainda hoje sem resolução à vista mas cuja democracia obrigará um dia a acontecer."