Os efeitos não queridos

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Por meados do século XX, e por exigências escolares, tentei encontrar conceitos que permitissem identificar os "efeitos não queridos", ainda que sistematicamente previsíveis, mas inquietantes do sistema observado. Foi por esse tempo que Jiménez de Parga escreveu "a solução que se dá de facto aos problemas políticos de um povo", tendo como referência a expressão formal da Constituição em vigor. Isto não implica outra coisa que não seja a de que o mais surpreendente das exigências e surpresas é que se multiplicam os efeitos menos presentes em conceitos ou normas jurídicas, nem sequer os esforços presentes dos surpreendidos pelos efeitos não incluídos nas previsões, nem quando surpresas do livro escrito por Camilo Castelo Branco, intitulado A Queda de Um Anjo que deu origem a uma conferência organizada em Vila Real em 1900, que enfraquecia o normativismo constitucional, em vigor, e plural entendimento.

Aquilo que, no popular livro, parece notável é a conclusão de vida dos personagens, com total ausência pelo normativismo jurídico, económico, e partidário do nacionalismo. O que o ilustre Camilo ali assumia era a vida não ter ou não usar moral e costumes, parecendo encontrar-se agora em anos de prometidas múltiplas ações imaculadas. Teodora, imagem então assumida, encontra a felicidade porque "a cintura adelgaçou-se; apequenou-se-lhe o pé; alargaram-se-lhe os quadris; amaciou-se-lhe a cútis". Acontece, na crise mundial, que podem quaisquer dos efeitos ser resultado de avanços solitários para os efeitos agora não queridos, com violação dos grandes princípios que anunciaram "a paz com lágrimas" de 1945. Basta olhar o que vai sendo a complexidade da Europa Unida, com o Brexit, com exigências sobre o estipulado no acordo, que para serem outros foram chamados de "diferentes e confusos".

O novo presidente católico dos EUA vê as suas intervenções postas em causa pelos apoiantes do legalmente vencido, e nessa linha acontecer-lhe uma solicitação dos cardeais americanos - pedindo que o Papa proíba o presidente de comungar. A questão do ambiente, que se desenvolve com efeitos brutais, vê na tarefa dos responsáveis políticos e sábios, incluindo os que reapareceram, todos afrontados pela juventude que não lhes reconhece credibilidade. Não assumir que os factos não queridos afetam severamente a consciência e o protesto dos novos jovens, com interesse social para uma Terra que perdeu o exigido respeito dos jovens, com a ONU a aproximar-se do "pântano". Este antigo nosso centro europeu do mundo recebe anúncios de agravamento da guerra da covid-19, com as Forças Armadas as primeiras assumindo ser uma guerra, e frequentemente os defensores julgam, e rapidamente demonstram, que o combate será longo. A vida real cresce em traduzir-se em factos não queridos, em parecer reconhecer com atraso o avanço da ciência, onde a dedicação dos médicos alargou a ciência, uma intervenção profissional infatigável, sem limites humanos. Todavia os efeitos não queridos não ignoram uma qualquer desorientação, má orientação científica do Ocidente, e sempre com redação da salvaguarda da criação da origem ocidental.

Não é apenas nos EUA que os noticiários das eleições se mostrem enfraquecidos e inconfiáveis. A China, que poderia crescer nos projetos culturais, ameaça interesses ocidentais de grande potência, mantém a própria autonomia com precisão, infelizmente parecendo julgar mais oportuno guardar no coração a agressão que sofreu dos ocidentais durante anos, o que acontece para persistir na busca de vitória, secundarizando prevenir a agressão causada ao globo por pestes, e tendendo para enfrentar esse cruel desafio completado com o que chama justiça, transformando a situação num conjunto de efeitos não queridos pela geração viva que ainda tenta construir o legado pertencente à geração futura. A Carta da ONU, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e a série de textos complementares, funcionaram neste meio século como referência de todos os movimentos que procuraram intervir diretamente na correção dos erros do sistema. O primeiro grande obstáculo inclui a dificuldade de respeitar a unidade do mundo, sem ouvir que tanto ficou a dever a Teilhard de Chardin, incluindo a sua Missa sobre o Mundo. As culturas parecem desejar o anunciado combate arriscado por ideologias, e raro é o benefício a que as culturas conseguem com segurança que elimine esse risco dos efeitos não queridos. Todos esses riscos exigem ser substituídos pela prometida cooperação de culturas e ciências, antes de chegar ao ameaçador pântano, e longe da promessa do "credo crença dos valores", e "terra casa comum dos homens". O clarim do alarme continua a ouvir-se.

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