Os dois sírios escolheram Portugal para fugir
Os dois jovens sírios que fugiram ontem de um navio de carga, proveniente de Marrocos, terão escolhido Portugal para escapar e entrar ilegalmente na União Europeia. De acordo com informações recolhidas pelo DN, essa era, pelo menos, uma primeira análise feita pelas autoridades envolvidas no processo, tendo em conta que a embarcação tinha estado antes atracada noutros portos em Itália, Chipre e Croácia, o que podia também ter sido uma oportunidade de fuga.
Os dois sírios faziam parte da tripulação do navio e tinham sido autorizados pelo SEF a deslocarem-se a terra "para o caso de precisarem de tratar de alguns assuntos administrativos ou logísticos", segundo o comandante do Porto, Luís Lavrador. Cerca das sete da manhã os jovens saíram do navio sem autorização e quando foram interpelados por um segurança, fugiram.
Segundo esclareceu ao DN o SEF, a concessão a licença para deslocações a terra - o Yellow Card - "é antecedida de verificação documental e consultas às bases de dados definidas para o efeito", o que quer dizer que os jovens não estariam referenciados por antecedentes criminais. Este procedimento, assinala o SEF "decorre das regras nacionais e internacionais que, não se verificando nenhum impedimento, os elementos da tripulação dos navios podem deslocar-se a terra durante a estadia em porto marítimo, incumbindo ao SEF a concessão dessa licença".
De acordo ainda com este serviço de segurança "foram estabelecidos contactos entre as diversas autoridades, designadamente, Polícia Marítima, GNR, PSP e PJ, para além do SEF. Foi também partilhada informação na Unidade de Coordenação Antiterrorismo (UCAT) e foi difundida informação para todos os postos de fronteira a nível nacional, incluindo Centros de Cooperação Policial e Aduaneira - Portugal/Espanha".
O navio em causa, de nome Nagham, de pavilhão panamiano, atracou no Porto de Setúbal a 31 de outubro. Tinha 18 tripulantes a bordo. Estava a descarregar ferro. Tem licença para estar em Setúbal até quatro de novembro.