Os amigos que Wenders documentou

O AMIGO AMERICANO Wim Wenders
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Foi com O Amigo Americano (1977), que Wim Wenders patenteou, definitivamente, a mestiçagem cultural do seu cinema. Levando à tela o romance de Patricia Highsmith, e colhendo dele a psicologia empírica (como diz num dos textos de A Lógica das Imagens), o realizador consumou, acima da atmosfera de thriller, um precioso documento de colaborações. Nenhum ator aqui está deslocado da essência: Dennis Hooper, na pele do famoso Tom Ripley, que alterna entre a América e a Europa, é a própria representação da ambivalência de Wenders, um cowboy angustiado que cruza caminho com um discreto Bruno Ganz. A presença dos cineastas Nicholas Ray (sobre quem fez um documentário poucos anos depois), Samuel Fuller e, numa breve cena, Jean Eustache, sugere hoje uma deslumbrante fantasmagoria, que radica o filme na absoluta e distinta consciência de um tempo.

Classificação: ***

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