Ordem revela que emigração entre enfermeiros triplicou desde 2017
A Ordem dos Enfermeiros recebeu 4506 pedidos de certificados de equivalência para exercer no estrangeiro. Mais do dobro das solicitações que tinham sido feitas no ano anterior (2736) e o triplo das de 2017 (1286). O destino mais escolhido é o Reino Unido e depois a vizinha Espanha. "Este é um número preocupante, que diz muito sobre o estado da Saúde em Portugal e, em particular, sobre a forma como os profissionais são tratados", comenta a Bastonária, em comunicado, divulgado esta quinta-feira.
Para Ana Rita Cavaco, esta situação é motivada pela ausência de contratação de enfermeiros e pela falta de condições de trabalho. No início do seu mandato, a bastonária estimou que faltariam em Portugal 30 mil enfermeiros. "No estrangeiro, os enfermeiros têm a formação e a especialidade pagas, têm, efetivamente, uma carreira com diferenciação salarial, mas, acima de tudo, são reconhecidos e acarinhados", continua Ana Rita Cavaco.
No primeiro semestre de 2019, a Ordem já tinha lançado um alerta sobre esta situação, quando os números revelavam um aumento exponencial em relação a 2018 e a 2017. Nos primeiros seis meses do ano passado, os pedidos quase alcançavam o número total de 2018 (2321) e duplicavam os resultados de 2017, quando 1286 enfermeiros quiseram emigrar. As estatísticas significam um recorde em relação aos valores atingidos na última década. Desde 2010, que não se registavam números tão elevados.
O Reino Unido é o país que recebe mais enfermeiros portugueses. "Temos ideia de que, por ano, mais de 50% dos pedidos de declaração para efeitos de emigração, ou seja, mais de mil por ano, têm como destino o Reino Unido", informa a Ordem. Seguem-se a Espanha e a Suíça, mas começam também a surgir vários pedidos para países fora da Europa. Os Emirados Árabes são a sexta hipótese dos profissionais e há um aumento do fluxo para a China e para o Qatar.
Existem em Portugal, 46 688 enfermeiros a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde, segundo a nota do Orçamento do Estado de 2020. E no estrangeiro, estarão 18 mil profissionais, estima a Ordem.