Orangotango actua como pacificador
Um orangotango do Bornéu actuou como pacificador em conflitos entre elementos desta espécie num parque zoológico de Tóquio, impedindo que estes degenerassem numa luta generalizada.
Trata-se da primeira vez que existe registo de uma actuação com estas características nestes primatas. O registo da experiência foi feito por uma equipa de cientistas nipónica numa das publicações de maior relevo na área, Primates – The Journal of Primatology.
Existem registos deste tipo de actuação em gorilas e chimpanzés, espécies gregárias e vivendo em grupo por regra.
“Os orangotangos passam a maior parte da sua vida sozinhos, desde que estejam na natureza”, referiu Tomoyuki Tajima, da Universidade de Quioto, que investigou o caso em conjunto com Hidetoshi Kurotori, responsável do parque zoológico de Tama, na capital japonesa.
“Em rigor, os orangotangos devem ser considerados semi-solitários, já que também se deslocam em grupo e podem viver em pequenos grupos”, explicou aquele cientista. “O facto de procederem de forma activa para preservar a paz, indica uma característica até agora desconhecida”. Nomeadamente, a capacidade de entendimento e adaptação a novas circunstâncias.
Tajima referiu que os orangotangos em cativeiro são forçados a uma maior interacção e recorrem à violência de forma mais frequente nas suas relações.
A investigação incidiu sobre um grupo de cinco orangotangos – dois adultos, dois juvenis e um bebé – que vivem no parque de Tama. As observações decorreram durante duas semanas. Neste período, um dos mais velhos do grupo, uma fêmea de 34 anos, actuou de forma agressiva 28 vezes perante uma segunda fêmea mais nova. Em 19 ocasiões, a fêmea mais velha do grupo, de 51 anos, interveio separando fisicamente as outras duas. Noutras circunstâncias, o elemento mais novo do grupo, um orangotangos macho, procurou também apaziguar os conflitos.
A orangotango pacificadora, à excepção de uma vez, nunca foi atacada pela agressora.