Não desistam da luta. Estamos convosco". Oposição na Bielorrússia vence prémio Sakharov
O Parlamento Europeu atribuiu esta quinta-feira o prémio Sakharov para os direitos humanos ao movimento que se opõe ao presidente Alexander Lukashenko na Bielorrússia, liderado pela opositora no exílio Svetlana Tikhanovskaya.
"É uma honra anunciar que as mulheres e os homens da oposição democrática na Bielorrússia são os vencedores do prémio Sakharov 2020", escreveu no Twitter o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli.
"Têm do seu lado algo que a força bruta não pode derrotar: a verdade. Não desistam da vossa luta. Estamos convosco".
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A Bielorrússia está envolta numa crise política desde as eleições presidenciais de 9 de agosto, que levaram a uma revolta popular contra o presidente Lukashenko, que segundo os resultados oficiais venceu com mais de 80% dos votos. Na sequência destes protestos, o regime bielorrusso iniciou uma repressão severa contra os manifestantes, procedendo a detenções durante protestos que muitas vezes de tornaram violentos.
O prémio distingue o Conselho de Coordenação da Bielorrússia, qualificado pelo PE como uma "iniciativa de mulheres corajosas e figuras da sociedade civil e política", e que engloba diferentes personalidades, como a recente candidata à presidência do país, Svetlana Tikhanovskaya, ou a laureada com o prémio Nobel da literatura em 2015, Svetlana Alexijevich.
Referindo que "os grandes protestos nas ruas da Bielorrússia comoveram o mundo e já estão em curso há 11 semanas", o presidente do PE sublinhou também que "à medida que aumenta a admiração perante a população bielorrussa", aumenta também a "condenação das represálias violentas de Lukashenko, os seus atos de tortura e de negação da verdade".
"Caros laureados deste prémio, mantenham-se fortes, não renuncie às vossas batalhas, e nós estaremos do vosso lado", apontou.
O vencedor tinha o apoio do Partido Popular Europeu (PPE), Renew Europe (RE) e a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu (S&D).
Na quarta-feira, o Parlamento Europeu aprovou um relatório com novas recomendações e a apelar a uma revisão das relações entre a União Europeia e a Bielorrússia.
A cerimónia de entrega do prémio Sakharov irá decorrer a 16 de dezembro, durante a sessão plenária que deverá decorrer em Estrasburgo.
Além da oposição bielorrussa, eram também finalistas a ambientalista hondurenha Berta Cáceres e os ativistas de Guapinol, e o arcebispo de Mossul (Iraque), Najib Mikhael Moussa.
O grupo de ativistas ambientais de Guapinol encontra-se detido pela sua participação num acampamento de protesto pacífico contra uma companhia mineira, cuja atividade provocara a contaminação dos rios Guapinol e San Pedro, na Guatemala.
Berta Cáceres, que englobava a categoria dos ativistas Guapinol, foi assassinada em 2016, nas Honduras, após ter protestado contra a extração ilegal de madeira e a apropriação de terras das populações indígenas.
Já o arcebispo da cidade iraquiana de Mossul, ajudou à retirada de cidadãos cristãos, sírios e caldeus para o território iraquiano reclamado pelos curdos e, desde 1990, contribuiu para a salvaguarda de mais de 800 manuscritos históricos que datam dos séculos XII e XIX.