Oposição critica Costa por centrar mensagem de Natal na pandemia

PSD, CDS e Iniciativa Liberal criticaram António Costa por não falar noutro tema que não a pandemia. PAN quer profissionais de saúde reconhecidos.
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O vice-presidente do PSD André Coelho Lima classificou de "contida, geral e abstrata" a mensagem de Natal do primeiro-ministro, por incidir "apenas e só" na pandemia, como se devesse apenas à covid aquilo que corre mal no país.

"Ao incidir a mensagem apenas e só na pandemia e numa análise geral sobre os efeitos desta, o senhor primeiro-ministro permite que passe a impressão de que o que esteja a correr mal no nosso país se deve apenas e só aos efeitos diretos ou indiretos da pandemia e, todos sabemos, não ser verdade", afirmou, numa declaração na sede do PSD do Porto.

Ao fazer uma análise sobre o momento atual que o país vive, o governante deu a ideia de que "os males da economia, da saúde e da educação" têm todos que ver com a pandemia, sublinhou o social-democrata.

"Passou a ideia de que a pandemia é o mal principal no nosso país, mas isso não é verdade", vincou.

André Coelho Lima entendeu que o agradecimento que Costa fez aos profissionais de saúde devia ter sido "em dobro" porque muitas das "difíceis condições" que eles estão a viver nos hospitais e centros de saúde e muitas das demissões em bloco não são consequência da covid-19, mas sim das condições de trabalho em que se encontram.

Na sua opinião, ficou a faltar uma mensagem sobre o que é necessário fazer daqui para a frente.

"O senhor primeiro-ministro é quem tem a função, a obrigação e o dever por força das funções que exerce de também conduzir o país e, digamos que, faltou uma mensagem no sentido do que fazer para além daquilo que analisou", reforçou.

Em jeito de conclusão, o vice-presidente do PSD salientou ter sido uma mensagem "contida e abstrata", nomeadamente devido ao período pré-eleitoral.

Também o CDS acusou o primeiro-ministro de querer resumir Portugal "à covid e ao medo da doença" na sua mensagem de Natal, rejeitando o "confinamento político em que António Costa quer encerrar" o país até às legislativas.

Numa reação em vídeo, a cabeça de lista do CDS pelo Porto nas eleições legislativas de 30 de janeiro, Filipa Correia Pinto, considerou que a mensagem de Natal do chefe do Governo "tem um único objetivo, confinar e resumir Portugal e a nossa vida coletiva à covid e ao medo da doença".

Apontando que "há mais vida para além da pandemia" a candidata salientou que "o CDS não aceita o confinamento político em que António Costa quer encerrar Portugal até às próprias eleições".

E criticou que o primeiro-ministro "continua a dizer que vai ficar tudo bem e a mostrar que acredita no mundo de faz de conta que construiu para distrair os portugueses".

"Faz de conta que as famílias e as empresas não vivem asfixiadas pelos impostos, faz de conta que trabalhar é suficiente para não se ser pobre, faz de conta que não temos os combustíveis mais altos da Europa, faz de conta que a pandemia se resolve com incompreensíveis restrições à nossa liberdade individual, faz de conta que os milhões de Bruxelas capturados pelo Estado e pelo setor público vão resolver o atraso da nossa economia", disse.

Já o presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, considerou a mensagem de Natal do primeiro-ministro "muito triste, sem esperança, sem uma ideia de futuro" e acusou António Costa de não perder "uma oportunidade de fazer propaganda".

"Um pouco como este Governo já nos habituou", disse.

Apontando que o "próprio primeiro-ministro, no final, reconhece que esta época pré-eleitoral não é uma boa altura para fazer mensagens de Natal, aproveitando o facto de estar a ocupar o cargo de primeiro-ministro", o líder da Iniciativa Liberal assinalou que "o Presidente da República, no ano passado, cancelou a sua mensagem de Ano Novo exatamente porque estava próximo das presidenciais".

"Mas já se sabe, António Costa não perde uma oportunidade de fazer propaganda e, neste caso, uma propaganda, repito, muito triste e sem qualquer ideia de futuro", criticou.

O deputado afirmou também que "esta mensagem do primeiro-ministro não tem muito que comentar porque não foi bem mensagem de Natal, foi um comentário à gestão da pandemia".

O PAN destacou o facto de que os profissionais de saúde, elogiados pelo governante na mensagem de Natal, só serão reconhecidos com uma efetiva valorização das suas carreiras, das condições em que trabalham e de um maior investimento no SNS.

Costa fez um rasgado elogio à forma como os profissionais de saúde têm estado empenhados no combate à covid-19. Elogios que, para o PAN, deviam ser acompanhados de outras medidas que valorizem efetivamente as carreiras destes profissionais, assim como as condições em que trabalham.

Um maior investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) será, para este partido, outra forma efetiva de reconhecer os profissionais de saúde.

A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, disse ainda num vídeo divulgado às redações que teria sido importante ouvir o chefe do Governo abordar a questão da pobreza.

Teria sido importante "falar daquela que devia ser uma preocupação e um compromisso efetivo no combate à pobreza, em particular para chegarmos a quem perdeu os seus rendimentos, a quem está na condição de sem abrigo, mas também para a recuperação de salários e o aumento progressivo do que é o ordenado médio das nossas famílias", prosseguiu.

Inês de Sousa Real também registou a ausência de uma palavra sobre a crise climática.

"O problema ambiental não desapareceu como pano de fundo e, também por isso, este deve ser um Natal mais sustentável", defendeu.

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