Oposição contra revisão curricular proposta pelo Governo

"Os Verdes", PCP, PS e Bloco de Esquerda manifestaram-se hoje frontalmente contra a proposta do Governo de reorganização curricular no Ensino Secundário, acusando o Ministério da Educação de colocar em causa a escola pública por razões economicistas.
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A questão da reforma curricular foi levantada em plenário, na Assembleia da República, pela deputada do Partido Ecologista "Os Verdes", Heloísa Apolónia, que considerou o conjunto de propostas do Governo "uma aberração e um retrocesso na concepção de ensino". "O que se defende é que a escola seja uma fábrica com a seguinte linha de produção: Os professores passam conteúdos para os estudantes e os estudantes passam os conteúdos para as provas de avaliação", afirmou. Heloísa Apolónia disse ainda estranhar que a educação moral e religiosa se mantenha em todos os níveis de ensino, enquanto que "o ensino artístico e tecnológico é completamente desvalorizado".

A vice-presidente da bancada socialista mostrou-se parcialmente de acordo com a posição de "Os Verdes", sustentando que a revisão curricular deve ser feita "de acordo com as necessidades do país", numa perspetiva de "modernidade". "Neste processo, o ministro da Educação [Nuno Crato] começou mal, apostando num aumento da carga curricular e colocando em causa a autonomia das escolas", disse. A seguir, no entanto, a deputada comunista Rita Rato acusou a deputada do PS Odete João de ter "amnésia", vincando que o anterior Governo socialista já estava a ensaiar uma idêntica reforma "com objetivo de desvalorizar a escola pública e de despedir professores".

"O PCP defende uma revisão curricular, mas no sentido da formação integral do indivíduo. Com esta suposta reforma, o Governo quer apenas poupar 109 milhões de euros. Só a luta dos professores pode derrotar esta suposta reforma", defendeu a deputada do PCP. Já pela parte do Bloco de Esquerda, Ana Drago referiu que a proposta do Governo de revisão curricular terá de ser vertida para um diploma e desafiou as restantes bancadas de esquerda para contribuírem no sentido de pedirem a avocação parlamentar do futuro diploma do executivo PSD/CDS. Ana Drago classificou ainda como "uma irresponsabilidade" a forma como o ministro da Educação colocou em marcha o processo de reforma curricular e disse que a reforma visa apenas "cumprir o Orçamento do Estado e despedir professores".

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