Operação Labirinto: PJ fez buscas na Câmara de Lisboa
Três inspetores da PJ passaram hoje mais de três horas nas instalações da Câmara Municipal de Lisboa a realizar buscas com vista a apurar quais os últimos contactos entre a autarquia e o agora ex-presidente do Instituto de Registos e Notariado, António Figueiredo, e o empresário chinês Zhu Xiaodong. A notícia foi esta noite avançada pela SIC e posteriormente confirmada pela câmara.
A estação de Carnaxide concretiza que os inspetores estiveram no departamento de gestão de património e no departamento informático da câmara. Apreenderam e-mails relacionados com venda de prédios da câmara, bem como um telemóvel de um funcionário com quem António Figueiredo mantinha contacto.
Em causa está o facto de, segundo a SIC, Zhu Xiaodong ter sido recebido pela autarquia em setembro a pedido de António Figueiredo, tendo posteriormente mantido vários contactos com a CML. Alegadamente, o empresário queria comprar, através de uma sociedade em nome da mulher, um edifício no centro da cidade propriedade da autarquia, contornando a obrigatoriedade de a venda se realizar em hasta pública.
A CML recusou e o prédio acabou por ser vendido a uma sociedade que não tem qualquer relação com este empresário.
Em nota enviada às redações, a assessoria do presidente da autarquia concretiza que as buscas foram realizadas pelas 9:30, dando cumprimento a uma decisão judicial de "mandado de busca e apreensão" ao posto de trabalho do colaborador da autarquia.
A Câmara de Lisboa adianta ainda que "foram pela PJ recolhidos no posto de trabalho em causa todos os elementos de prova que entenderam por conveniente" e que "os serviços do município prestaram toda a colaboração que lhes foi solicitada" pela polícia.
António Figueiredo é um dos altos quadros do Estado que se encontra detido, tal como Manuel Jarmela Palos, ex-diretor nacional do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, e Maria Antónia Anes, ex-secretária-geral do Ministério da Justiça.
A Operação Labirinto, uma investigação relacionada com a atribuição dos vistos 'gold', resultou já na detenção de 11 pessoas, cinco das quais ficaram em prisão preventiva, embora três possam ver a medida convertida em pulseira eletrónica.