Vem aí "um projeto de grande fôlego" que marca "um novo ciclo para Oeiras". Quem o diz é um empolgado Isaltino Morais, presidente da câmara municipal, que está empenhado naquilo que definiu como "a terceira fase" do seu projeto para o concelho. "Tivemos uma primeira fase relacionada com o ordenamento do território e uma segunda fase que visou a atração de empresas do setor terciário e de base tecnológica, que posicionou o concelho como um dos melhores municípios da União Europeia", disse ao DN, antes de falar daquilo que diz ser "o início de um novo ciclo de desenvolvimento", alavancado na candidatura de Oeiras a Capital Europeia da Cultura em 2027, para a qual terá a concorrência de Leiria, Coimbra, Faro, Viana do Castelo, Aveiro, Évora, Braga e Guarda..A eleição só será feita em 2023, mas em marcha está um projeto que vai mudar a face do concelho e que será concluído independentemente de ser ou não a candidatura vencedora. "Em seis anos vamos investir 400 milhões de euros, sendo que 50 milhões já estão adjudicados às obras dos novos paços dos concelho que vão começar em breve", revelou, garantindo que Oeiras vai dar "um salto qualitativo e quantitativo" em termos culturais..Oeiras 17, assim é denominada a candidatura a Capital Europeia da Cultura, integra um vasto leque de projetos integrados, com a recuperação de alguns equipamentos que a autarquia quer que se tornem polos de dinamização cultural. E, neste sentido, Isaltino Morais revela ao DN que há "dois equipamentos essenciais" em todo este projeto: "A Estação Agronómica Nacional, a maior quinta agrícola e de recreio do país onde está a Casa da Pesca, as cascatas do Taveira e do Ouro, Casa do Bicho da Seda e Pombal; e ainda a Quinta e o Convento da Cartuxa." Estes edifícios históricos estavam na posse do Estado, tendo o município chegado "a acordo para a transferência" do primeiro, havendo já "um entendimento" para a mudança de mãos do segundo. "Estes eram requisitos que coloquei como fundamentais para avançarmos com a candidatura", assume o autarca, garantindo que o seu município está "a viver um ciclo bom para relançar o investimento". Afinal, "foram disponibilizados 12 milhões de euros para fazer face à pandemia" e ainda "foi diminuído o IMI dos munícipes para o mínimo legal"..É nesse contexto de fulgor financeiro de que Isaltino se orgulha, que será edificado "um centro de congressos com uma área de exposições e espetáculos com capacidade para 2500 pessoas, que será o maior do país e irá nascer em colaboração com as empresas sedeadas no concelho". Vai ainda ser construído um auditório em Linda-a-Velha, "orçado em 32 milhões de euros, para a realização, por exemplo, de óperas e bailados, com capacidade para 1500 pessoas", sendo certo que a principal marca distintiva será "a grande qualidade acústica"..Aliás, as inovações tecnológicas vão estar de mãos dadas com uma ideia que vai transformar o espaço urbano de todo o território oeirense. Trata-se da criação de praças nas sete vilas do concelho que servirão para "unir todo o território". "O Parque dos Poetas é um ponto de encontro de muitas pessoas e é com base nessa experiência que vamos construir um conjunto de praças - a de Porto Salvo está orçada em 12 milhões de euros - nas quais pretendemos que exista interatividade entre todas elas", assumiu Isaltino Morais, dando um exemplo prático: "Se há um espetáculo de ópera numa numa das praças, as outras vão poder transmiti-lo através de enormes ecrãs, que estarão integrados no urbanismo.".O objetivo é construir novos centros onde a população se possa reunir e usufruir de um espaço de cultura, onde também se realizem atividades lúdicas. Oeiras, enquanto concelho, quer tornar-se mais cosmopolita e europeu. "Este conceito de praças culturais é inovador em Portugal, comparável ao que existe por exemplo em Viena, na Áustria. Vai permitir-nos dar um salto qualitativo e quantitativo no nosso país em termos culturais", sublinhou Isaltino Morais..Além disso, para o Parque dos Poetas e o Templo da Poesia está prevista a intensificação da programação cultural alargado às várias etnias de língua portuguesa presentes no concelho..A autarquia de Oeiras está ainda empenhada numa outra vertente deste novo plano de desenvolvimento e que envolve as várias fortificações que estão ao longo da sua costa. Nesse sentido, está projetada a recuperação e valorização deste património, com o objetivo de criar um autêntico museu das fortificações, seguindo a linha de costa. "Vamos fazer um museu do Tejo e teremos Oeiras como capital marítima", assegurou o presidente da edilidade..Também este projeto será desenvolvido com recurso às últimas tecnologias digitais por forma a dar a conhecer a arqueologia, a flora e a fauna subaquáticas, além da história contada pela costa do concelho que é uma autêntica porta de entrada para o Tejo..Isaltino Morais realça o facto de este projeto estar aberto aos municípios vizinhos. "Estamos a mobilizar os concelhos vizinhos e estamos, igualmente, a olhar para toda a Área Metropolitana de Lisboa, afinal há uma grande dependência entre todos os municípios", assumiu, sendo certo que Amadora, Cascais, Lisboa e Sintra, mas também Mafra e Almada, já mostraram disponibilidade para, por exemplo, articularem programação cultural conjunta, nomeadamente no que diz respeito a espetáculos, exposições ou outro tipo de iniciativas..A eleição da Capital Europeia da Cultura de 2027 será realizada através um júri composto por dez peritos independentes, nomeados por instituições europeias, e para o qual Portugal escolherá dois elementos. À candidatura vencedora, que será conhecida em 2023, serão atribuídos 25 milhões de euros que, no caso de Oeiras, serão integralmente canalizados para a promoção cultural.."Há um grande manancial de investimento que podemos realizar sem o apoio do Estado, afinal a verba atribuída à cidade vencedora, será exclusivamente para a realização e promoção de eventos culturais e não para as infraestruturas, que serão asseguradas pela câmara municipal", vincou Isaltino Morais, admitindo que a candidatura foi um pretexto. "Esta candidatura foi feita para ganhar, mas com ou sem Capital Europeia da Cultura, vamos fazer tudo aquilo que estamos a planear", assumiu o autarca, embora admita que, sem a verba atribuída à candidatura vencedora, "seja natural uma menor ação cultural" porque não disporá dos 25 milhões de euros para investir..O salto qualitativo e quantitativo que o autarca quer ver Oeiras dar, será um pouco à semelhança daquilo que se orgulha ter alcançado nas duas primeiras fases do seu projeto e que o leva a apontar para os indicadores do Instituto Nacional de Estatística, que colocam Oeiras como o segundo concelho com maior número de empresas e onde se regista maior volume de negócios, apenas atrás de Lisboa. Além disso, só é superado por Lisboa e Porto no poder compra per capita..Para consolidar estes indicadores económicos, Isaltino lembra o investimento que foi feito ao longo dos últimos anos "na qualificação das pessoas", afinal "Oeiras é o concelho com maior número de licenciados". "Além disso, investimos mais de 10 milhões de euros nas escolas e podemos fazê-lo porque criamos estruturas financeiras com maior solidez em relação aos outros municípios", sublinhou. E é essa solidez que permite a Oeiras tentar dar um novo "salto", agora assente na vertente cultural.