Oceanos Árctico e Antárctico têm 235 espécies comuns

A descoberta foi ontem anunciada por um grupo de cientistas do Censo da Vida Marinha. Um facto considerado curioso devido à extensa distância de 11 mil quilómetros que separa as duas regiões polares.
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Na lista destas 235 espécies encontram-se cinco espécies de baleias, incluindo baleias-cinzentas, cinco de aves marinhas e cerca de cem espécies de crustáceos. A diversidade e o elevado número de espécies semelhantes deixou os cientistas perplexos.
"Não estamos ainda certos do que tudo isto significa", disse Bodil Bluhm, investigadora da Universidade Fairbanks do Alasca (EUA) e uma das cientistas que participaram nas expedições árcticas deste grupo de cientistas.

Para o ecologista Russ Hopcroft, da mesma universidade e que também participou no estudo, "encontrar tantas espécies nos dois extremos da Terra, algumas delas sem ligações conhecidas entre si, levanta sérias questões do ponto de vista da evolução".

Estes e outros investigadores polares de todo o mundo vão agora tentar confirmar se essas 235 espécies comuns são de facto idênticas ou se, por outro lado, diferem geneticamente.
Por outro lado, este grupo de cientistas do Censo da Vida Marinha concluiu igualmente que existem espécies que preferem águas frias e que, por essa razão, estão a emigrar para os pólos para escapar ao aquecimento das águas oceânicas, segundo constataram.

Estas descobertas surgiram das expedições científicas efectuadas entre 2007 e 2008 no quadro do Censo da Vida Marinha. Este grupo representa um programa que engloba mais de 500 investigadores polares de 25 países, entre os quais Portugal, e que a 4 de Outubro de 2010 publicará o seu primeiro relatório sobre as espécies marinhas encontradas.
O Censo da Vida Marinha revelará igualmente que os oceanos são habitados por entre 230 mil e 250 mil espécies, das quais cerca de 7500 vivem nas águas do oceano Antárctico e outras 5500 no oceano Árctico, e que muitas centenas delas são desconhecidas pela comumidade científica.

Segundo Ron O'Dor, director científico do Censo da Vida Marinha, o projecto encontra-se actualmente "numa etapa de síntese, em que se tenta reunir todos os 17 diferentes projectos para dar ao mundo uma imagem da biodiversidade dos oceanos do planeta".

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