Ocasio-Cortez faz um jogo... e expõe corrupção na política em três minutos

Alexandria Ocasio-Cortez fingiu ser a "má da fita" perguntando a uma comissão de ética até onde poderia ir se quisesse construir uma carreira política até ao mais alto nível e enriquecer com base na promiscuidade com as corporações. E mostrou que quase não há limites
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Desde que derrotou o veterano Joseph Crowley na primária do 14.º Distrito de Nova Iorque, em 2018, tornando-se na congressista mais nova da história dos Estados Unidos, que Alexandria Ocasio-Cortez, entre apoiantes e detratores, se tem vindo a tornar numa das mais reconhecidas figuras da política norte-americana. E nesta sexta-feira a democrata de origem latino-americana, de 29 anos, voltou a conquistar as atenções de todo o país ao fazer um "jogo", perante uma comissão de ética do congresso, onde basicamente demonstrou tudo o que está "fundamentalmente mal" no sistema de financiamento dos políticos e dos partidos nos Estados Unidos. Em pouco mais de três minutos.

Assumindo o papel de "má da fita" - condição que, reconheceu, metade dos presentes já lhe atribuiria "de qualquer maneira" - Ocasio-Cortez apresentou aos peritos um cenário em que era um um político corrupto, que tinha por ambições a própria ascensão e enriquecimento, mesmo que conseguidos "à custa dos interesses do povo americano". E depois foi colocando perguntas para saber até onde podia ir antes de violar qualquer lei.

Ter uma campanha integralmente financiada por fundos provenientes de grandes corporações? Sim. Recorrer a formas encapotadas de suborno para esconder alguns "esqueletos no armário" cuja divulgação poderia comprometer a ascensão pessoal? Confere. Favorecer, enquanto legislador, as mesmas empresas que o ajudaram a ser eleito? Perfeitamente legal. Comprar ações de determinadas empresas e depois promover medidas que irão refletir-se na valorização da cotação das mesmas? Tudo em ordem.

O "knock-out" chegou aos três minutos e quinze de jogo, quando a congressista demonstrou que se já é bastante fácil para ela ser "a má da fita", é "ainda mais fácil" para um Presidente da República assumir esse papel.

O estilo de Ocasio-Cortez tem-lhe valido algumas acusações de ser "radical". Mas a jovem política, que se assume como "socialista democrata", considera a acusação um elogio. "Se ser radical é mudar o país, chamem-me radical", disse numa entrevista recente ao programa 60 minutos, da CBS.

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