O tarefeiro de Vinhais à conquista de Paris

Antero Henrique, antigo administrador da SAD portista, foi ontem oficializado como diretor desportivo do milionário PSG
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A obstinação pelo sucesso e uma grande capacidade metódica são atributos reconhecidos de forma quase unânime a Antero Henrique. Se assim não fosse, de resto, dificilmente o trajeto do jovem transmontano que entrou no FC Porto como tarefeiro para uma campanha de recontagem de sócios, em 1990, teria chegado aonde chegou - até quase ao topo da hierarquia portista, abaixo apenas da figura tutelar de Pinto da Costa. Pelo caminho, granjeou uma reputação assinalável no mundo do futebol, que lhe possibilitou ser ontem oficialmente anunciado, em Paris, como o novo diretor desportivo do milionário PSG.

Nascido em Vinhais há quase 50 anos (7 de abril de 1968), Antero Henrique tem um percurso no futebol construído a pulso e que foi sendo mais ou menos destapado ao ritmo da extraordinária ascensão que teve no FC Porto - sempre com algumas místicas reservas e uma certa aversão mediática. Depois de se mudar para o Porto para completar os estudos, em 1986, acabou então por entrar no clube como tarefeiro, em 1990, passou para a revista Dragões, saltou para assessor de imprensa, diretor de relações externas... Uma ascensão rápida alicerçada na confiança conquistada junto de Pinto da Costa.

Antero tornou-se indispensável ao presidente e foi promovido a homem-forte do futebol pouco depois de estalar o caso Apito Dourado, em 2005, revelando-se fundamental para aguentar um barco atormentado pelas acusações a Pinto da Costa. Quatro títulos consecutivos entre 2006 e 2009, outros três entre 2011 e 2013, nova conquista europeia à mistura (Liga Europa em 2011) e um rol assinalável de grandes negócios potenciados pela gigante teia de mercado que montou, de James a Falcao, de Pepe a Jackson Martínez, de Guarín a Hulk, entre tantos outros que renderam muitos milhões.

O sucesso aumentou a popularidade de Antero até ao patamar de putativo sucessor do "eterno" presidente, mas os últimos anos no FC Porto, no entanto, fizeram-no experimentar o lado lunar, entre fracassos desportivos e uma perda de influência em favor do filho do presidente entretanto reconciliado com o pai, Alexandre Pinto da Costa. Em setembro passado, saiu do clube, ao fim de 26 anos.

Agora, o outrora tarefeiro de Vinhais que se tornou um dos mais bem-sucedidos dirigentes portugueses vai tentar replicar em Paris o sucesso que conheceu no Dragão, como homem-forte do futebol de um dos atuais clubes mais ricos do mundo. "Estou ansioso para colocar a minha experiência ao serviço de um clube que tem emergido em poucos anos e que já está entre os melhores europeus", disse.

Por sua vez, o presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, elogiou o novo diretor desportivo. "Ele tem a personalidade e a habilidade para fazer que o clube se afirme sempre como uma das instituições mais poderosas e respeitadas do desporto mundial", afirmou.

Agora, cresce a expectativa para ver se o ex-administrador portista avança ou não para a contratação de Jorge Jesus ao Sporting, como já foi noticiado, apesar de Al-Khelaifi ter assegurado que o técnico espanhol Unai Emery deve continuar.

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