O "socialismo colonialista" dos "cavalheiros de Lisboa" será "destruído"
Alberto João Jardim que não esteve presente (está de férias em Porto Santo) mandou mensagem pelo Twitter: "A todos os companheiros da luta pelo povo madeirense, pela democracia e contra o colonialismo, que se encontram na Festa da Autonomia, Herdade do Chão da Lagoa, um grande abraço! Os fascismos não passarão! O colonialismo será destruído".
Bruno Melim, líder da JSD Madeira, que abriu o momento dos discursos da "festa da autonomia", seguiu a linha de retórica do antigo governante com ataques aos "cavalheiros de Lisboa" que nada fizeram, assegura, pela juventude madeirense. E no aviso a "esses" de Lisboa não poupou nas palavras: "a nossa luta vai continuar (...) querem mandar em nós a partir de Lisboa e isso nunca vamos deixar".
Miguel Albuquerque, presidente do governo regional, apesar da rouquidão, carregou na tecla da autonomia e deixou um aviso ao "socialismo colonialista: "Quem manda na Madeira são os madeirenses". E o PS? O lugar do "PS é na oposição. A experiência deles na Câmara Municipal do Funchal mostrou isso".
Minutos antes, José Prada, secretário-geral do PSD Madeira, que tinha apontado criticas aos cartazes locais do PS porque "não se percebe o que querem", abriu alas para os pedidos de maioria absoluta que se ouviriam a seguir. "Juntos somos mais, juntos somos melhores, juntos somos imbatíveis. Ganharemos 2023", foi a frase que disse e apelidou de "apelo".
Luís Montenegro, que subiu ao palco logo a seguir, seguiu a linha das "causas" anunciadas - "o PSD não recebe lições de ninguém em matéria de autonomia" - garantindo a quem o ouvia que o partido iria "estar ao lado do vosso presidente nas causas que interessam à Madeira (...) na Madeira não entra o socialismo". Numa frase: "Uma nova Lei de Finanças Regionais com mais transparência (...) não estamos aqui a olhar para aquilo que fizemos, estamos a olhar para aquilo que ainda vamos fazer a bem da Madeira".
O líder do PSD, que foi anunciado como "o próximo primeiro-ministro", e que ao chegar à Herdade do Chão da Lagoa disse estar "na maior festa partidária que se realiza em Portugal", traçou um retrato síntese do "socialismo": com António Guterres foi "um pântano", com José Sócrates veio a "bancarrota" e com Costa, que "esteve em todas", Portugal é "um dos [países] mais pobres da Europa".
Depois vieram os apelos, os pedidos de apoio, esclarecendo que "escusam [sem referir ninguém explicitamente] de andar com conversas que estamos mais à direita, mais à esquerda. Nós estamos junto às pessoas".
"Eu preciso do vosso apoio. Eu preciso do vosso estímulo para ser o próximo primeiro-ministro de Portugal. E não é por minha causa. É porque o país está mais pobre (...) É imoral que quando as pessoas não têm dinheiro para pagar o que é básico, que o Governo esteja a arrecadar tantos impostos, os mais altos de sempre", afirmou. No mínimo são "mais três ou quatro mil milhões de euros" de receita fiscal.
"Estamos na cauda da Europa, somos um país com baixos rendimentos, com baixos salários, estamos mais pobres e estamos numa tendência que não é atrativa nem dá esperança às pessoas", referiu.
Como estava em "aquecimento para as regionais e legislativas" no "sítio onde obtivemos a única vitória eleitoral nas últimas eleições legislativas", Luís Montenegro, numa frase, concretizou os planos eleitorais dos sociais-democratas: "É preciso sair daqui do Chão da Lagoa com força para ganhar as eleições regionais em 2023, depois vamos voltar a pintar a Madeira toda de laranja nas autárquicas e depois vamos vencer as nacionais e colocar o PS um bom tempo na oposição, onde ele é bom".
Se na Madeira o plano é "ganhar com maioria absoluta", no continente é preciso "paciência" para "dar a Portugal um novo governo, um governo do PSD (...) dar um governo laranja a Portugal".
Miguel Albuquerque, que encerrou as intervenções políticas no palco, diz-se "de cabeça erguida, porque os nossos compromissos foram cumpridos (...) somos um partido que sabe ouvir as pessoas".
E há 44 anos, sublinhou, que está tudo "muito bem clarificado (...) de um lado os autonomistas e, do outro, os socialistas ao serviço do centralismo de Lisboa".
E por fim, como "não há almoços grátis em política", Albuquerque dirigindo-se ao líder do PSD disse que a Madeira quer ser "determinante" nas próximas legislativas (...) vencer os socialistas, colonialistas na Madeira e dar a primeira vitória a Luís Montenegro para governar com maioria absoluta (...) connosco não há meias tintas. Não há conversa fiada".
A intervenção terminou com Miguel Albuquerque ao piano a tocar e a entoar o hino da "independência": "Madeira és livre e livre serás..."