A meta está quase a ser alcançada. São precisas quatro mil assinaturas para uma petição ser discutida na Assembleia da República e a que pede uma reforma do sistema eleitoral, promovida, entre outros, pelo antigo líder do CDS José Ribeiro e Castro, tem já mais de três mil pessoas a subscrevê-la. João Bosco Mota Amaral, antigo presidente do Parlamento, ou Rui Reininho, vocalista dos GNR, são alguns dos que se associaram a esta iniciativa que envolve pessoas de vários quadrantes..Entre os que apoiam uma mudança que permita um novo regime eleitoral à alemã - ou seja, mantendo os círculos plurinominais já existentes, com listas fechadas e ordenadas pelos partidos, e criando um sistema de voto duplo que permita aos eleitores votar tanto no partido da sua preferência como no deputado em que confiam, através de círculos uninominais - estão dois antigos presidentes da Assembleia da República, Mota Amaral e Francisco Oliveira Dias, e os antigos ministros Silva Peneda e Miguel Cadilhe..Contam-se ainda o antigo presidente da Câmara de Cascais António Capucho, o médico Gentil Martins, o jornalista Afonso Camões, o empresário José Roquette, o ex-candidato à Presidência da República Henrique Neto, o ex-governador de Macau Rocha Vieira e vários militares, como os almirantes António Balcão Reis e Nuno Vieira Matias..Por uma "questão simbólica", o antigo líder do CDS José Ribeiro e Castro, um dos promotores da iniciativa, diz que gostaria de entregar a petição na Assembleia da República, a par do projeto de lei de cidadãos para mudar a lei, a 19 de janeiro. Data em que foi entregue ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, uma reflexão sobre o sistema eleitoral. Reflexão feita pela SEDES e a Associação para a Democracia de Qualidade (APDQ), da qual o antigo líder centrista é porta-voz..Ribeiro e Castro garante ao DN ter uma "grande crença" na proposta de uma mudança para um sistema eleitoral tipo alemão. "É a solução dos problemas que as pessoas detetam no atual sistema eleitoral português e devolve a representatividade dos cidadãos no Parlamento." Além disso, sublinha, "também melhorará o funcionamento dos partidos políticos, que tem vindo a degradar-se".."Vamos lá seguir a Constituição"."Não inventemos! Vamos lá seguir a Constituição... A Constituição deu, a lei não dá." É assim que provocatoriamente o ex-deputado centrista remete para o artigo 149.º da Lei Fundamental, que, desde a revisão de 1997, prevê círculos uninominais para permitir aos eleitores escolher o seu candidato preferido a um círculo nacional para aproveitar os votos desperdiçados pelo método de Hondt no atual sistema de eleição por distritos. Mas que a lei eleitoral para a Assembleia da República não deu expressão..A lei que regula as iniciativas legislativas dos cidadãos, que prevê que um grupo de 20 mil pessoas possa propor uma alteração legislativa ao Parlamento, também impede que a reforma do sistema eleitoral possa ser feita por esta via. Só os partidos podem propor alterações numa matéria que é reserva absoluta da Assembleia da República..É por isso que o trabalho de sensibilização para a reforma do sistema começou antes das eleições de 2015 e o PS até integrou a proposta agora defendida na petição no programa eleitoral. Mas..., "por causa da geringonça e os custos políticos que poderia ter na estabilidade da solução política, o PS não avançou", diz José Ribeiro e Castro..São sobretudo os partidos mais pequenos, no caso CDS, PCP e BE, a opor-se com mais fervor contra as alterações ao sistema eleitoral. Porque argumentam que tenderá a diminuir a proporcionalidade e a representatividade das forças mais pequenas no Parlamento.."Trabalhamos agora muito no esclarecimento e para mostrar que esses receios não são verdadeiros", frisa o antigo líder centrista. E garante que com o sistema alemão se mantém a proporcionalidade. Isto porque, segundo o modelo que defende, o candidato mais votado no círculo uninominal é eleito em primeiro lugar e os restantes votos são distribuídos pelos outros candidatos das listas partidárias. Depois seriam contados os votos das listas plurinominais que não serviram para eleger nenhum candidato e elegem-se os deputados num círculo nacional de compensação..Ribeiro e Castro defende que com este modelo quem acabará por ser beneficiado são os pequenos partidos, que têm mais dificuldades em reunir o número necessário para eleger em círculos distritais, mas que na contagem nacional teriam votos para estarem representados.."É um sistema que merece ter a confiança de toda a gente, é um sistema honesto. Permite a vinculação do deputado ao seu eleitorado e aumenta a confiança entre eleitos e eleitores, reforçando o poder político do Parlamento", frisa Ribeiro e Castro..O antigo presidente do CDS manifesta-se confiante em que, na primeira eleição em que este sistema fosse adotado, a abstenção, que está perto da casa dos 50%, cairia para os 30%. E permitiria reforçar a campanha eleitoral no país, já que teríamos os candidatos mais empenhados em cada círculo na defesa das suas propostas.