O que Rio e Rangel defendem para a coesão territorial do país 

Os dois candidatos à liderança do PSD foram a Portalegre explicar aos jovens social-democratas o que é necessário para reduzir as assimetrias em Portugal.
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Um falou na qualidade de presidente do PSD, o outro como candidato a líder. Rio teve transmissão em direto no Facebook do PSD, Rangel apenas no da JSD. Horas antes do Congresso da Juventude Social-Democrata, em Portalegre, dedicado à coesão territorial, Rio tinha estado reunido com o Conselho Estratégico Nacional (CEN) do partido, em Coimbra, para "preparar o programa eleitoral" para as legislativas. No final, traçou o destino do que deve ser o primeiro objetivo de um governo PSD: "É indiscutível que (...) tem de ser conseguir melhores salários para os portugueses. É aquilo que se tem degradado mais". E porque esteve reunido com CEN em vésperas de eleições internas? Porque a preparação de um programa eleitoral "não se faz ali num cantinho, com uma folhinha a escrever duas ou três ideias".

Em Portalegre, Rui Rio alertou para os valores da despesa pública que já representam quase 50% do PIB. "Isto significa muito Estado na vida das pessoas e muito Estado na economia. Nós deveríamos fazer um esforço de redução da despesa pública, ao mesmo tempo de redução ou de eliminação do défice público que é o que nos permite depois reduzir também a dívida pública que neste momento anda na ordem dos 130, 120 e muitos por cento do produto".

Em relação à regionalização, tema que enquadrou na reforma do Estado, Rui Rio afirmou que não vota "a favor da regionalização só porque é a regionalização". E explicou: "Pode haver modelos errados que ainda são piores do que aquilo que já hoje temos". O que é necessário é que sejam definidas competências claras, finanças regionais/locais e uma arquitectura organizacional sem que se crie outros serviços, basta que "se saiba quem tutela o quê".

"Se nós dermos as competências às autarquias, se nós dermos as competências às regiões, se enquadrarmos com uma lei de finanças regionais e de finanças locais muito rígida em relação ao que concerne o endividamento, nós deixamos menos dinheiro disponível para quem não sabe gerir que é administração central", disse.

E sublinhou "o maior falhanço do regime do 25 de Abril até hoje: as assimetrias regionais, estamos muito mais assimétricos do que estávamos há 50 anos".

Paulo Rangel, que durante o discurso criticou por várias vezes o governo de Costa e a geringonça, voltou a reforçar a resposta a Rio, agora em Portalegre - já o tinha feito na sexta-feira à noite em Castelo Branco - sobre o "não estar preparado para ser primeiro-ministro". Na primeira resposta disse que quem decide da preparação são os militantes, ontem remeteu para o passado: "Bastava olhar para o que escrevo há muitos anos para ver quem está preparado e quem não está preparado (...) a democracia faz-se debatendo (...) e não do alto do púlpito de qualquer cargo".

O candidato a líder do PSD, que considera o interior litoral como "o grande problema português do ponto de vista do equilíbrio ou do desequilíbrio territorial", elegeu como "desígnio" o problema do "elevador social" que afasta os jovens do país.

"A justiça social, intergeracional e territorial, a resposta à transição ambiental e digital tem que passar por uma renovação geracional", defendeu.

artur.cassiano@dn.pt

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