É um dos projetos cinematográficos que vão marcar o novo ano. Não só pelo regresso a um filme icónico, mas também por se tratar da primeira incursão de Steven Spielberg no género musical. E, apesar disso, não é caso para espanto. Estamos a falar de um cineasta cujas versatilidade e sabedoria - que o faz mover-se habilmente entre o drama, a ficção científica, o thriller, o filme de guerra, de ação e de aventura - não comprometem em nada o recente desafio..Anunciado em janeiro de 2018, ao longo do ano foram surgindo informações sobre esta versão de West Side Story que o realizador americano quer apresentar às novas gerações. E o que não falta são alicerces artísticos para levar a produção a bom porto. Desde logo, o nome mais sonante, e por sinal a grande surpresa, é Rita Moreno, a atriz agraciada com um dos dez Óscares da Academia que distinguiram o filme de 1961, assinado por Robert Wise e Jerome Robbins..Nele a então jovem porto-riquenha interpretava Anita, a melhor amiga da protagonista, Maria (Natalie Wood) - esta que, na Nova Iorque conflituosa dos anos 1950, se apaixona perdidamente por Tony (Richard Beymer), membro dos Jets, o gangue rival dos Sharks, liderado pelo seu irmão (George Chakiris). A conhecida história trágica, escrita por Arthur Laurents, de um Romeu e de uma Julieta em terra de gangues furiosos, vai assim voltar ao grande ecrã contando com uma pequena participação de Moreno, em nova personagem. Além disso, a atriz associa-se ao projeto enquanto produtora executiva, com uma determinante função de aconselhamento - isto depois de, a princípio, se ter mostrado muito reticente perante a ideia de regressar ao "território sagrado" que a celebrizou na performance musical do tema America..Ainda em relação ao elenco, o outro nome revelado para o lugar do protagonista, Tony, é Ansel Elgort, o ator de Baby Driver que inspirou confiança a Spielberg e ao argumentista Tony Kushner pelos seus dotes vocais e predisposição para a dança. Quanto à personagem de Maria, até agora por anunciar, será escolhida num casting que pede como requisito a língua espanhola, dando-se por isso prioridade a atrizes e atores latinos - o realizador quer o máximo realismo social, para evitar o white washing....Justamente, essa é uma das preocupações do já referido Tony Kushner, o terceiro nome importante ligado ao projeto (colaborou com Spielberg em Munique e Lincoln). À publicação Vanity Fair o argumentista revelou que a nova versão cinematográfica vai tocar vários aspetos da vida urbana do fim da década de 1950 e aprofundar o olhar no modo como as questões étnicas moldaram a cultura americana dessa época (algo que não é tão explorado no filme de Robert Wise). Mais do que isso, este será um West Side Story baseado sobretudo no musical da Broadway, de 1957, negando uma afinidade direta com o filme de Wise - o que na verdade contém uma certa contradição, já que o próprio clássico de 1961 foi uma produção bastante fiel ao espetáculo original..Uma coisa é certa, as famosas músicas compostas por Leonard Bernstein, com letras de Stephen Sondheim - como Tonight, Maria ou Somewhere - são para manter. Na mesma entrevista dada à Vanity Fair, Kushner garantiu as bases desse revivalismo: "Ninguém sairá do filme sem ouvir todas as canções clássicas", acrescentando que o próprio Sondheim tem estado a trabalhar no projeto..Com o quinto Indiana Jones também anunciado, Steven Spielberg é mais reservado nos detalhes deste West Side Story, mostrando-se acima de tudo feliz por Rita Moreno integrar a produção, ela que é, segundo confessou, a intérprete de uma das suas personagens favoritas de um musical. A rodagem deverá ter início em julho deste ano.