"O que fragiliza a PSP são as condutas dos polícias porque, afinal, foram condenados"
Manuel Frederico, dirigente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), lembrou que as condenações de agentes da PSP em casos como o registado na Cova da Moura, em 2017, "tiveram origem em condutas ilegais dos polícias", razão pela qual admitiu ao DN não compreender o discurso de Luís Farinha, diretor nacional da PSP, que esta sexta-feira, por ocasião dos 152 anos daquela força de segurança, se mostrou preocupado com decisões judiciais recentes que "fragilizam a imagem, a autoridade da polícia e do Estado".
"O que fragiliza a PSP são as condutas dos polícias porque, afinal, eles foram condenados. É lamentável, de facto, que sejam condenados por aquelas circunstâncias, nomeadamente no caso da Cova da Moura, que é o mais recente, no qual houve algumas condenações, embora outros agentes tenham sido absolvidos. O senhor diretor nacional da PSP tem é de estar contra esse tipo de conduta dos polícias", afirmou Manuel Frederico, reforçando a ideia de que "as condenações tiveram origem em condutas ilegais dos polícias".
Nesse contexto, o dirigente do SMMP deixou claro que Luís Farinha "deve estar preocupado que determinados agentes tenham esse tipo de práticas ilícitas". "Não quero acreditar que o senhor diretor nacional está a considerar que esses agentes foram mal condenados e também não interpreto essas declarações como uma forma de condicionamento ao sistema judicial", acrescentou.
Manuel Frederico acredita, por outro lado, que Luís Farinha "esteja perturbado pela agitação em torno da PSP, com a manifestação" e recordou aquilo que foi referido na mesma cerimónia por Eduardo Cabrita: "O ministro da Administração Interna afirmou que a polícia não pode estar de costas voltadas aos casos de racismo."
Ainda assim, o dirigente sindical lembrou que "em todas as áreas de atividade existem condenações, pois até na magistratura temos juízes que também foram condenados ou que estão a ser alvo de processos". E nesse contexto finalizou dizendo interpreta "a perturbação do diretor nacional" como sendo "uma forma de pacificação da polícia e não de ataque ao funcionamento da justiça".