O que as mulheres sauditas ainda não podem fazer

Mulheres sauditas vão poder conduzir a partir de julho de 2018, mas ainda há muitas coisas que não podem fazer
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O rei Salman da Arábia Saudita ordenou esta terça-feira aos ministérios que autorizassem a emissão de cartas de condução "indiferentemente para homens e mulheres", de acordo com um decreto que soou como um terramoto neste reino ultraconservador.

[citacao:Não esperava tal decisão antes dos próximos 10 ou 20 anos]

"Estou chocada, sinto uma grande alegria", disse Haya Rakyane, uma funcionária do banco com sede em Riade citada pela agência France Presse. "Não esperava tal decisão antes dos próximos 10 ou 20 anos", acrescentou.

"É um dia muito feliz! Ainda não acredito, não acredito até ver com os meus próprios olhos", disse Chatha Dousri, uma empregada da companhia petrolífera Aramco, em Dahran (leste), que contou que tinha conduzido dentro do complexo residencial onde vive, mas nunca na via pública.

Ainda assim, há muitas coisas que as mulheres sauditas não podem fazer sozinhas. Elas precisam do consentimento de um homem para abrir uma conta bancária, começar um negócio ou viajar, segundo a BBC.

[destaque:As mulheres estão sempre sob guarda de um homem da família - geralmente pai, marido ou irmão.]

Não podem ainda divorciar-se ou ficar com a custódio dos filhos após o divórcio, nadar em piscinas públicas ou locais onde estejam homens. O mesmo princípio é aplicado quando as sauditas querem ir ao ginásio, segundo a CNN.

Como parte de um plano de reformas económicas e sociais a aplicar até 2030 para limitar a sua dependência do petróleo, Riade parece querer aliviar certas restrições impostas às mulheres

Esta medida, exigida há décadas por muitos cidadãos, alguns dos quais foram presos por terem desafiado a proibição, deve entrar em vigor a partir de junho de 2018.

A decisão de levantar a proibição de condução ocorre depois de as mulheres sauditas terem sido autorizadas a celebrar num estádio o feriado nacional, no passado sábado, pela primeira vez.

Homens e mulheres dançaram ao ritmo de música eletrónica, cenas nunca vistas num país conhecido pela segregação dos sexos no espaço público e por uma visão austera do Islão.

Riade está também a tentar promover outras formas de entretenimento, apesar da oposição dos ultraconservadores, num reino onde metade da população tem menos de 25 anos.

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