Portugal atingiu esta semana 52% de população com a vacinação completa (5,3 milhões de pessoas) e 67% de população que já tem uma dose da vacina (6,8 milhões de pessoas). Este pode ser o momento de viragem na evolução da pandemia. Pelo menos, há quem acredite que sim, mas tudo irá depender do que o país decidir e de como a própria população se irá comportar..A equipa liderada pela pneumologista Raquel Duarte, que tem vindo a elaborar as propostas para as várias fases de desconfinamento a convite do Governo, deixa claro nesta última, divulgada na reunião de terça-feira no Infarmed, quais são os fatores que aumentam o risco, os que o reduzem e para que países podemos olhar para aprender algo. E dá como exemplos Israel e Reino Unido, ambos com um processo de vacinação avançado, considerando que o primeiro está a atuar de forma mais cautelosa, e que o segundo está a arriscar mais..Na proposta apresentada pela equipa de Raquel Duarte, da qual fazem ainda parte Óscar Felgueiras, Marta Pinto, Ana Aguiar, Filipe Alves, Hugo Monteiro, Cátia Bazete, Joana Chaves, Felisbela Lopes e Joana Couto, é mesmo referido: "Israel está a tomar uma posição mais cautelosa do que o Reino Unido". Apesar de ter uma percentagem de população vacinada muito elevada, Israel está a ponderar a utilização do certificado digital para acesso a locais públicos e eventos sociais, bem como outras medidas para evitar a aglomeração de pessoas e fenómenos de super transmissão. Por outro lado, mantém a obrigatoriedade de uso de máscara em ambientes fechados, quarentena de 24 horas ou a realização de um teste para recém-chegados ao país. Os que viajam de países com alta incidência têm de fazer quarentena, mesmo que estejam vacinados. De acordo com dados oficiais, Israel registou ontem 1954 novos casos e uma morte. .Já o Reino Unido, que desde o dia 19 de julho entrou em desconfinamento e ontem registou mais 27 734 novos casos e 91 mortes, tomou a decisão de suspender todas as medidas restritivas, inclusive o uso de máscara, assumindo que a infeção vai ocorrer, mas que a vacina será suficientemente eficaz na redução da letalidade. No entanto, e segundo refere a equipa de especialistas, com esta posição o Reino Unido assumiu vários riscos: o da letalidade, apesar de poder ser agora menor com a vacinação; o de ter mais infeção e ainda o risco das consequências a curto e longo prazo das sequelas da doença - o Longo Covid..Com estas medidas o Reino Unido, assumiu a criação de reservatórios de infeção durante o período de férias, o que poderá acelerar a transmissão no início do ano letivo e reinício da atividade laboral pós-férias. Mas há outro risco que foi assumido: o do aparecimento de novas variantes do vírus e da sobrecarga do sistema de saúde..Destaquedestaque3452 casos. Este é o número de infeções registadas ontem em Portugal, tendo havido 13 mortes. O país soma agora 960 457 casos de infeção e 17 20 óbitos. .Conforme referia ao DN Raquel Duarte, na edição de terça-feira, é preciso olhar à nossa e aprender com o que os outros estão a fazer, sublinhando que para Portugal, neste momento de viragem da pandemia, é fundamental que se mantenha o ritmo de vacinação..Mas não só. A médica, também coordenadora da unidade de investigação da Administração regional do Norte e professora na Faculdade de Medicina, da Universidade do Porto, sublinhou como outro fator fundamental o comportamento da população, dizendo mesmo: "Podemos fazer tudo o que quisermos, mas cumprindo as regras de proteção individual.".Tal como é referido na proposta de continuidade para o Plano de Redução das Medidas Restritivas de Controlo à Covid-19 é preciso ter presente os fatores que reduzem o risco - vacinação completa; não frequentar espaços públicos com aglomeração de pessoas; frequentar sobretudo espaços abertos com poucas pessoas; ter um círculo social pequeno; manter regularmente as medidas de distância das outras pessoas; utilizar a máscara com regularidade, sobretudo em ambientes fechados, no contacto com pessoas fora do círculo familiar e social restrito ou em situações onde a distância não é uma medida fácil de cumprir; minimizar o contacto com pessoas com sintomas sugestivos de covid-19..Em relação aos fatores que aumentam o risco é preciso saber que são: vacinação incompleta; contacto regular com crianças e/ou pessoas não vacinadas; frequência de espaços com aglomeração de pessoas e ter fatores de risco para formas graves de doença por covid-19.