O primeiro inimigo de Vitória entre os 2% e o discurso interno
O Benfica desloca-se amanhã à Vila das Aves, num encontro em que está proibido de perder pontos para poder alimentar o sonho do pentacampeonato. Pela frente Rui Vitória tem um treinador que dificilmente vai esquecer.
No início da sua carreira como técnico dos encarnados, na época 2015-16, Rui Vitória tinha começado mal com uma derrota na Supertaça diante do Sporting e uma goleada na primeira jornada ao Estoril que mesmo assim tinha deixado muito gente desconfiada. O encontro de Aveiro, casa emprestada do Arouca à época, servia como a possibilidade de aproveitar os empates da véspera de FC Porto e Sporting. Mas não, o Arouca de Lito Vidigal venceu e passou a comandar de forma isolada o campeonato. Depois de Lito Vidigal, apenas mais seis técnicos conseguiram levar de vencido o Benfica de Rui Vitória em jogos do campeonato; Julen Lopetegui (FC Porto), Jorge Jesus (Sporting), José Peseiro (FC Porto), Daniel Ramos (Marítimo), José Couceiro (V. Setúbal) e Jorge Simão (Boavista) já nesta temporada.
Roberto, o homem que marcou o golo decisivo frente ao Benfica, relembra bem o que se passou em agosto de 2015, antes e durante o jogo. "Lembro-me de que foi um jogo muito difícil, mas o Lito disse--nos desde o primeiro dia que tínhamos condições para ganhar ao Benfica e foi para isso que trabalhámos a semana toda; para arrancar os três pontos. Ele dizia-nos que havia condições para ganhar o jogo. Aliás, ele falava sempre que tínhamos hipóteses de vencer todos os jogos, que não o iríamos fazer mas que tínhamos hipóteses. E tenho a certeza de que é essa mensagem que ele está a passar e já passou aos jogadores do Desportivo das Aves", explica ao DN o avançado que está de regresso ao Arouca emprestado pelos italianos do Salernitana.
Curiosamente, Lito Vidigal, na conferência de imprensa de ontem de antevisão da partida, minimizou qualquer possibilidade de o Desportivo das Aves poder levar de vencido o tetracampeão nacional: "Não podemos escolher a melhor altura para defrontar o Benfica. É esta e é nesta que temos de estar preparados para este jogo. Costumo dizer sempre que jogando contra clubes com a dimensão do Benfica, com a qualidade que têm e tendo em conta a nossa dimensão, temos 4% ou 5% de oportunidades de ganhar. Estamos a trabalhar há 15 dias, estes 4% se calhar passam para 2%. Temos uma pequena possibilidade de vencer e é nisso que vamos apostar."
Tal como há pouco mais de dois anos, o Benfica não vive um momento de grande fulgor. "Claro que os resultados nos podem levar a pensar dessa forma, mas o Benfica é um clube forte, grande. Ao pensarmos que estão num momento menos bom temos menos possibilidades de vencer. As diferenças entre o Aves e o Benfica são muito grandes, são maiores do que as diferenças entre o Benfica e o Manchester United. O Benfica pode não estar a produzir aquilo que os seus responsáveis esperavam, mas tem grandes jogadores e a qualquer momento podem decidir", referiu o técnico, que nos sete jogos em que teve pela frente Rui Vitória nunca empatou e venceu três vezes.
Roberto lembra-se "bem do jogo" de 2015 e, apesar de o Benfica viver na altura um momento de contestação, o dianteiro de 28 anos diz que isso não se sentiu em campo. "Não notámos nada um Benfica em crise, até porque nós fomos lá algumas vezes mas o Benfica teve muito mais posse de bola e oportunidades", conclui Roberto, que a 23 de agosto de 2015 marcou "o golo mais importante da carreira" por ter sido "o primeiro a um grande" e ter ditado "o primeiro triunfo do Arouca a um grande".