Há mais de dois anos, um incêndio como não há memória devastou mais de nove mil hectares de mata da região centro e ceifou mais de sete séculos de história do Pinhal de Leiria, reduzindo-o praticamente a cinzas..A conclusão dos peritos de que será necessário mais do que um século para voltarmos a ter o Pinhal do Rei como existia antes do dia 15 de outubro de 2017 fez aumentar o sentimento de perda daquela que é a maior mata nacional, uma das mais antigas do mundo..Mas não era apenas a Mata Nacional de Leiria. Era a Mata da Quinta-Feira da Espiga, do Samouco, do Tremelgo, do canto do ribeiro, da catedral verde e sussurrante de Afonso Lopes Vieira e de tantas outras memórias que nos prendem, que nos ligam, ao Pinhal de Leiria..É evidente que ninguém podia ou pode exigir que dois anos depois estivesse tudo resolvido. Mas há uma conclusão que todos podemos subscrever. Dois anos depois, o Pinhal de Leiria está praticamente como o fogo o deixou. Os sinais de abandono Leiria são visíveis nas árvores que continuam por cortar. Na propagação de espécies invasoras e nas estradas da mata que continuam conforme foram deixadas pelo fogo, cortadas, e nas casas abandonadas e destruídas dos guardas florestais..Os sinais de abandono do Pinhal de Leiria são visíveis na falta de operacionais e de técnicos superiores, como reconheceu o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e na falta de calendarização concreta nas ações de recuperação da mata. O que salva a honra do convento são as várias iniciativas de responsabilidade social que foram já contribuindo para a reflorestação. Iniciativas de grupos mais ou menos organizados de pessoas, de empresas, de municípios, que se associaram a esta causa. Mas estas ações, infelizmente, são uma gota no oceano, se olharmos para os 11 mil hectares que compõem a nossa Mata Nacional de Leiria..Passados mais de dois anos do incêndio que consumiu cerca de 9500 hectares do Pinhal de Leiria, são ainda muitas as deficiências e as falhas na recuperação deste património natural. São também crescentes os riscos a que a reflorestação deste Pinhal está exposta. A que acresce o desmantelamento das sinergias do complexo agroflorestal a nível governamental, o que poderá inviabilizar a agilização e a eficiência dos processos em causa..O governo tem falhado no seu papel. Razão pela qual o PSD exigiu e continuará a exigir que o plano de recuperação seja efetivamente cumprido, o reforço de meios para a recuperação e preservação do Pinhal do Rei, e um plano calendarizado de ações concretas de recuperação florestal na totalidade da Mata Nacional de Leiria..Presidente da JSD