O Pedro e o Luís

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Num espaço de três dias, entre 28 e 31 de dezembro, perderam a vida dois jovens do ensino superior em Portugal. Num país que é considerado como um dos mais seguros do mundo. O Pedro e o Luís foram ambos alvo de uma morte violenta e injustificada. Apesar de terem ocorrido em cidades diferentes e os contornos de cada caso estarem ainda a ser investigados pelas autoridades competentes, devemos refletir sobre o que aconteceu e o que falhou. E devemos aproveitar esta oportunidade para recordar o nosso compromisso para com todos os que cá vivem, independentemente das suas origens e nacionalidade. É esse um dos pilares de um Estado de direito democrático.

As injustificáveis motivações que estiveram na origem dos dois homicídios merecem igual repúdio e condenação. Não podemos deixar que acontecimentos como estes sejam pretexto para aproveitamento político, numa indigente apropriação destes trágicos acontecimentos. Discursos que se baseiam em visões parciais e dualistas da realidade, que colocam a origem étnica como fator central destes dois acontecimentos, em nada contribuem para uma sociedade justa e livre.

Tanto em Lisboa como em Bragança, os crimes terão sido cometidos, ao que tudo indica, por pessoas que já haviam cometido outro tipo de delitos. Este facto não pode ser indiferente, pois demonstra falta de ação preventiva, e sobretudo falta de resposta aos apelos feitos pelas pessoas e pelas comunidades. É sobejamente conhecido, especialmente pelos alunos da Universidade de Lisboa, o problema crónico que esta zona tem com assaltos e roubos. Razão pela qual, nesta semana, 12 associações académicas, a grande maioria pertencentes a faculdades daquela zona, fizeram um comunicado conjunto a pedir maior segurança na área. Este apelo lançado pelos estudantes não pode ser ignorado pelas autoridades, que há largos anos recebem queixas sobre os problemas daquela zona da capital.

Foi repugnante o aproveitamento político que algumas forças políticas procuraram fazer destes trágicos acontecimentos, entre os que num caso viram um crime de ódio e no outro caso nada disseram. Os nomes do Luís e do Pedro devem ser carregados pela nossa memória. Para que não caiamos na tentação das generalizações, na tentação das estatísticas, dos rankings. Enquanto concidadãos, enquanto vizinhos e membros de uma comunidade, somos responsáveis pelas vidas uns dos outros.

Presidente da JSD

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