A HBO Portugal quer propor a partir desta segunda-feira aos seus subscritores um novo vício, Penny Dreaful- City of Angels, uma criação do argumentista e dramaturgo John Logan (Gladiador, 007 -Skyfall) que se assume como uma variação de Penny Dreadful, a série que celebrava os contos de horror na Londres underground vitoriana..Agora a ação é situada na Los Angeles dos anos 1930 e tem como ponto de partida uma investigação de um crime macabro a uma família de Beverly Hills que, mais tarde, estará interligada com o aparecimento de movimentações nazis, bruxas mexicanas e um culto religioso secreto. Enredo confuso?.A ideia é essa e até há mesmo um ser demoníaco em forma de Natalie Dormer que se desdobra em várias musas, entre uma sedutora alemã, uma mexicana das ruas até a uma assessora municipal com vontade de se aliar aos nazis. Ou seja, cultos demoníacos, nazis e fantasmas mexicanos. Logan mistura um folclore de fábula de terror com um discurso político sobre a sociedade dos EUA com óbvias ressonâncias com o atual estado. .Não é por acaso que o médico alemão Peter Kraft, interpretado pelo britânico Rory Kinnear, espalhe o lema "America First" no seu discurso nas ruas de Los Angeles com a suástica ao braço... Rory Kinnear, precisamente o único ator do Penny Dreadful original. Ele que ao telefone de sua casa de Londres avisa que as séries podem ser diferentes em data e geografia mas que o tema é o mesmo: "Tem tudo a ver com o monstro que há em nós! Um dos grandes focos da série passa por mostrar como certas pessoas em Los Angeles, em 1938, tentavam separar a América dos brancos da outra América. Isso, do meu ponto de vista, reflete o que se passa hoje nos EUA e em todo o mundo. Seja como for, são duas séries muito bem escritas. Esta tem algo de muito viciante e não deixa ser bastante inovadora"..O Peter Kraft de Rory Kinnear é um médico que parece civilizado e com um casamento em estilhaços. Kinnear interpreta-o num tom suave muito discreto, mesmo apesar de um sotaque alemão cerrado. O ator lembra que na sua juventude estudou a língua de Goethe e que a sua única preocupação foi não cair naquele registo que por vezes vemos em muitos filmes e sob qual pode desencadear algum efeito de paródia. "Peter Kraft é alguém que vai evoluir nos episódios mais avançados. Talvez seja preciso ter em consideração que antes de ir para os EUA foi alguém que sofreu muito na Primeira Guerra Mundial. Ele acredita bastante no Novo Mundo, mas num Novo Mundo muito dele. Apesar de estar à frente do Partido Alemão na América não tem a ver com o Partido Nazi na América, mesmo quando usa a simbologia da suástica. Vamos perceber que ele quer à viva força afastar a América do conflito na Europa"..Em novembro, vai voltar a ser o Tanner de Bond em 007 Sem Tempo para Morrer. Será a quarta vez que interpreta o aliado de Bond no MI6, desta vez na já mais do que publicitada despedida de Daniel Craig da pasta de agente secreto. É por aqui que o seu nome e rosto ficaram mais conhecidos, mas tem sido também na televisão que tem brilhado. Foi em Years and Years, ao lado de Emma Thompson e em Catarina, A Grande (a versão com Helen Mirren) que mais deu nas vistas. "Claro que é sorte, mas isso acontece porque se lembram de mim, acham que sou bom para esses papéis e estou disponível. Sabe, sou sempre atraído por material diferente... Gosto de séries que não sejam necessariamente confortáveis para os espetadores"..Apesar de realçar que não tem nenhuma bola de cristal, Rory admite que está optimista perante o regresso à normalidade após o vírus: "o meu otimismo prende-se mais com o teatro, que foi o meu primeiro grande amor. Aqui em Londres há sinais de que as pessoas querem muito ajudar este setor: quando as portas se voltarem a abrir estou certo de que as salas vão voltar a ficar cheias. Há muita vontade de voltar a ver teatro! Esse apetite vai ajudar a redescobrir-se o amor por esta arte! Creio que com o cinema o mesmo se vai passar. Espero é que muitos dos projetos que foram agora postos em stand-by possam ver a luz do dia".