Começa hoje mais uma edição do Vodafone Paredes de Coura, num primeiro dia que terá como cabeças-de-cartaz os americanos The National, de regresso ao mesmo palco onde se estrearam em Portugal, no ano de 2005, pouco tempo depois de terem lançado o terceiro álbum de originais, Alligator..Desde então, tudo mudou para a banda do Ohio, que de promessa da música indie se tornou uma das maiores bandas do mundo, como se comprova não só pela conquista do Grammy de melhor álbum de música alternativa, em 2017, com o disco Sleep Well Beast, mas especialmente pelos concertos esgotados um pouco por todo o lado, como mais uma vez acontece em Paredes de Coura..Um dos grandes mistérios deste cartaz é a presença dos New Order em Paredes de Coura, uma banda que dá poucos concertos e que estava a ser assediada por alguns dos maiores festivais europeus. A explicação pode estar nas características muito próprias do festival, afinal já lá vai mais de um quarto de século desde que um grupo de amigos da terra conseguiu o impensável - "organizar, de forma totalmente amadora, um festival de música numa pequena vila do interior"..Dessa primeira edição, em 1993, que teve como cabeças-de-cartaz os Ecos da Cave, até aos dias de hoje, em que essa mesma vila minhota se prepara para receber alguns dos maiores nomes da música mundial, como o são The National, New Order ou Patti Smith, também muita água correu pela praia fluvial do Taboão, num crescimento feito por etapas, mas "sempre com a mesma paixão", como sublinha João Carvalho nesta entrevista ao DN..Pode dizer-se que esta é a melhor edição de sempre do Festival Paredes de Coura? Sim, eu próprio já afirmei várias vezes que esta é uma edição de luxo, talvez só comparável à de 2005, com Nick Cake, Foo Fighters e Pixies, quando também se estrearam em Portugal os The National, que agora regressam, e os Arcade Fire, embora nessa altura ambas as bandas fossem ainda pouco conhecidas..Ainda há por onde crescer ou o festival atingiu o limite, em termos de público? Desde a edição de 2011 que não parámos de crescer. Em 2015, esgotámos a lotação do festival pela primeira vez e neste ano atingimos finalmente o limite da capacidade, com mais mil bilhetes vendidos do que nas edições anteriores..No que é que o festival pode então melhorar? Nas condições para o público, que desde sempre é a nossa maior preocupação. Neste ano acrescentámos mais 20 por cento de área de campismo, melhoramos os acessos, temos mais casas de banho, mais chuveiros, uma nova zona de descanso e de restauração e fizemos também um reforço no sistema de som. Acima de tudo, queremos que as pessoas se sintam bem e sejam felizes neste festival. Temos uma forma muita minhota de receber..Como é que se organiza um festival desta dimensão numa pequena vila do interior como é Paredes de Coura? Com muito suor e lágrimas, porque é muito complicado fazer um festival num lugar assim, sem acessos diretos e com pouco oferta hoteleira. Daí esta nossa preocupação em tratar muito bem as pessoas, para que fiquem com vontade de voltar, seja o público ou os artistas. Neste ano, os passes esgotaram duas semanas mais cedo do que o habitual e dos bilhetes diários já só restam algumas centenas para sexta e sábado..Como é que se convence uma banda como os New Order, que dão tão poucos concertos e estavam a ser assediados por alguns dos maiores festivais europeus, a vir a Paredes de Coura? Por alguns dos maiores festivais europeus e nacionais, toda agente os queria. Isso aconteceu porque, felizmente, ainda há bandas que colocam a música acima do dinheiro. Mal os contactámos, disseram logo que sim. Mas não foram só eles, os The National também e a Patti Smith nem sequer tinha uma digressão agendada para a Europa neste ano. Foi só depois de nós a convencermos a vir a Paredes de Coura que acrescentou algumas datas noutros países europeus..Apesar desses cabeças-de-cartaz de primeira linha, continua também a haver uma clara aposta em nomes emergentes... Isso foi algo que começou por uma questão logística e de orçamento, pela tal dificuldade de ser realizado no Alto Minho e de nesta altura não haver aqui ao lado, em Espanha, outro festival com que possamos trocar artistas, como acontece com os principais festivais nacionais. Entretanto, essa aposta na novidade tornou-se também uma espécie de ADN deste festival, que costumo comparar a um laboratório musical, onde são lançadas muitas das grandes bandas do futuro, como aconteceu com os Arcade Fire ou os The National, entre tantos outros. Deixa-me sempre muito comovido ver que os primeiros concertos, às seis da tarde, já estão cheios de público. É sinal de que as pessoas confiam nas nossas escolhas..VODAFONE PAREDES DE COURA.Praia Fluvial do Taboão, Paredes de Coura. 14 a 17 de agosto, 17.00, 55 € a 94 € (passe)..Dia 14.Bed Legs, Julia Jacklin, Boogarins, Parcels, The National, Kokoko! e Nuno Lopes..Dia 15.Cave Story, Khruangbin, Stella Donnelly, Alvvays, Boy Pablo, Car Seat Headrest, Avi Buffalo, New Order, Capitão Fausto, Acid Arab, Kristal Klear..Dia 16.Derby Motoreta's Burrito Kachimba, First Breath After Coma, Balthazar, Jonathan Wilson, Black Midi, Deerhunter, Connan Mockasin, Spiritualized, Father John Misty, Peaking Lights, Romare..Dia 17.Time For T, Ganso, Alice Phoebe Lou, Mitski, Sensible Soccers, Patti Smith & Her Band, Kamaal Williams, Freddie Gibbs & Madlib, Suede, Flohio, Jayda G.