"O meu caminho é tornar-me embaixador do surf em Portugal"

Tiago Pires admite que a sua vontade é não voltar a competir. Em breve vai reunir-se com os patrocinadores para tomar uma decisão definitiva
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Falemos primeiro de Peniche. Mais uma vez não conseguiu quebrar o enguiço da segunda ronda...

Senti-me bastante diferente, mais leve, sem aquele nervosismo dos anos anteriores por estar a competir à frente dos portugueses e sem a pressão de ter de me manter no circuito. Mas Peniche é sempre um sítio complicado e foi uma pena ter de surfar Supertubos com condições tão más, quando sabemos o potencial daquela onda. São poucos dias para fazer a prova, o que leva a organização a sentir-se pressionada a avançar, e a segunda ronda é sempre a mais menosprezada.

Mas tanto organizadores como a World Surf League (WSL) apoiam-se muito no chavão de que "os surfistas têm a última palavra" quando se trata em avançar ou não com a prova. Isso é mesmo assim?

Não, a última palavra nunca é dos surfistas. Tem de haver um consenso entre três partes: o comissário da WSL, o representante dos surfistas e o chefe de juízes. Mas eu estava na primeira bateria no dia, quando fui eliminado, e ninguém me veio perguntar se queria surfar naquelas condições. Falei com o comissário da WSL, ele disse-me que iam esperar um bocado, pois ainda estava escuro e queriam analisar melhor as condições do mar quando amanhecesse por completo, e que pretendiam fazer uma chamada entre as 08.00 e as 08.15 para começar às 08.30. Entretanto, do nada, vieram duas ou três ondas mais ou menos e eles apressaram-se para começar às 08.00, nem cumpriram a palavra, e mandaram-nos para dentro de água.

O campeonato em que participou em Sunset, aqui no Havai, foi o último da sua carreira?

É difícil responder a essa pergunta. Neste momento a minha vontade é de não competir mais, mas vou ter de pensar melhor sobre a minha vida. Não me imagino a fazer o circuito de qualificação mais um ano. Talvez entre em algumas provas, em certos moldes, mas não me apetece surfar em más condições, por isso não sei, vou reavaliar o que é importante para mim e decidir em conjunto com os meus patrocinadores, com quem tenho contratos assinados por mais anos, para chegar a uma decisão que seja confortável para todos.

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