O lado citadino de Buchinho
Diogo Miranda idealizou uma colecção para gente bonita que gosta, e pode, apreciar o lado mais encantador da vida. Flower Bomb é uma colecção que remonta a um universo elegante, que aprecia os momentos de descontracção junto à piscina sem nunca descuidar da sua imagem. As flores e os drapeados foram os elementos fortes deste trabalho.
Teresa Martins estreou-se na passerelle do Porto após duas edições na ModaLisboa (na última esteve ausente). A TM Collection tem no Oriente a sua maior inspiração, mas as suas criações são a junção de um conjunto de elementos, entre os quais a natureza. Vegetal é o seu mais recente trabalho, em que as pinturas são uma presença inequívoca de excelente qualidade. Linhos, sedas e algodões dão vida a um trabalho híbrido com traços masculinos imersos numa intrínseca espiritualidade feminina, em que existe uma riqueza de texturas e uma infinita paleta de cores.
A passerelle do Portugal Fashion na sexta-feira contou com a presença de quatro desfiles a ter em conta: Anabela Baldaque, Felipe Oliveira Baptista, Storytailors e Luís Buchinho. As Confidências de Anabela Baldaque remetem-nos para memórias passadas, relembrando os filmes de outros tempos, com um visual mais retro, sempre chique. Mulheres de saltos altos, com figuras elegantes. Para esta criadora, o próximo Verão é para ser vivido em vestidos curtos feitos de pequenos apontamentos como os casacos justos, feitos de sedas ou algodão...
Felipe Oliveira Baptista esteve bem com a sua Polymorphous de linhas simples, cores vivas misturadas com sóbrias. Um trabalho sem grandes adornos, bem à sua imagem e seguindo uma tendência emergente em Paris, e não só, que tem nos anos 30 e na austeridade a sua inspiração,
A linha de atelier dos Storytailors esteve menos exuberante que o costume. A dupla de criadores de Lisboa decidiu-se por uma colecção menos elaborada, igualmente interessante em que houve lugar para as gangas e as T-shirts. A fé, Jesus Cristo e o artista plástico Christo foram as fontes de inspiração. O resultado foi uma colecção com vestidos mais singelos e cingidos aos corpo com apontamentos de cor, calças ora fluidas ora justas, saias mais justas ou mais rodadas. A volumetria e a construção brincaram com a sensualidade natural do corpo. A maquilhagem centralizou-se nos olhos, efeito dado por um azul forte e dourado, que a M.A.C. criou para estes designers de Lisboa. "Os criadores dizem o que querem e eu só tenho de idealizar, no entanto, a minha opinião é sempre tida em conta como profissional, o que é fantástico", explicou Sandra Almeida, maquilhadora e responsável pela equipa da M.A.C. no Portugal Fashion.
A fechar o dia, Luís Buchinho mostrou uma colecção em que o algodão, a seda e o linho estiveram em evidência. Uma colecção descontraída mas citadina e com uma qualidade acima da média. O trabalho deste criador tem evoluído muito nos últimos tempos, tanto a nível das ideias como da qualidade, que não pára de surpreender.
A plataforma Bloom, que tem estado a dar a conhecer o trabalho de jovens criadores, desfilando no intervalo dos desfiles principais, é de relevar. Pena é que não estejam na passerelle principal ao contrário do colectivo dos jovens criadores que na sexta-feira tiveram a oportunidade de mostrar as suas criações e que não se justificou pela fraca prestação de propostas a que se pôde assistir.