O imperceptível devir da imanência - Sobre a filosofia de Deleuze

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O novo livro de José Gil é um acontecimento a diferentes níveis. Começa por ser um marco porque é a primeira obra em que o filósofo aborda de uma forma intensiva a obra de Deleuze, com quem estudou em Paris. E trata-se de uma obra que é sobre a filosofia de Deleuze e ao mesmo não o é. Porque se da sua leitura se conquistam acessos compreensivos aos lugares, muitas vezes inacessíveis, do filósofo francês, outras o texto autonomiza-se e torna-se num movimento que faz desta obra uma obra de José Gil e não um académico comentário a outro autor: e a sua genialidade está no modo como consegue aliar o rigor do comentário filosófico à originalidade do seu próprio pensamento. Outro dos aspectos importantes é que a propósito da filosofia de Deleuze, Gil deixa conhecer o fundo sobre o qual o seu próprio pensamento se desenvolve. Pode assim dizer-se que esta obra é o relato de um encontro em que um, José Gil, a propósito de um outro, Deleuze, pensa aquilo que é a experiência, o sensível, o artístico e o pensamento. As questões que, via Deleuze, Gil coloca partem da pergunta radical “como pensar o concreto, o mundo concreto que parece escapar a todas as tentativas do pensamento filosófico que vão nessa direcção?” O mundo que está aí sensível e inteligível e que permanece, em muitos sentidos, um mistério para nós é o alvo que Gil toma como fio condutor da exploração.


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O imperceptível devir da imanência - Sobre a filosofia de Deleuze
JOSÉ GIL
RELÓGIO D´ÁGUA

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