Naquela que é a primeira reunião presencial desde que a pandemia chegou à Europa, o acordo sobre o pacote de recuperação da crise que atingiu a União Europeia está na cabeça de todos, mas o caminho até ao acordo não estará livre de turbulência..A reunião extraordinária do Conselho Europeu arranca hoje em Bruxelas com o tema da discussão da proposta do presidente Charles Michel para o Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 (QFP) e o pacote de recuperação de uma crise económica sem precedentes na agenda. Considerando que "um acordo é essencial" e que "é momento de agir", conforme afirmou no convite aos membros do Conselho, também reconhece que "chegar a acordo exige trabalho árduo e vontade política", mas que o "superior interesse dos cidadãos" deve estar no topo das prioridades..A proposta em cima da mesa assenta em seis pilares, contemplando um montante de 1074 mil milhões de euros para os objetivos a longo prazo da UE e um fundo de recuperação de 750 mil milhões..Há ainda o equilíbrio entre empréstimos, garantias e subvenções, com o objetivo de evitar sobrecargas aos Estados-membros mais endividados. A proposta inclui fundos para os países e setores mais afetados pela crise: 70% do Mecanismo de Recuperação e Resiliência a autorizar nos dois próximos anos e 30% autorizado em 2023, tendo já em conta a queda do PIB em 2020 e 2021. A dotação total deverá ser concedida até 2026..A confirmar-se este cenário, Portugal poderá encaixar um total de 26,3 mil milhões de euros do Fundo de Recuperação: 15,5 milhões a fundo perdido e 10,8 mil milhões em empréstimos com condições favoráveis..Se a necessidade de um acordo rápido é um consenso entre os 27 países, há quem discuta os moldes, extremando posições. Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca, os chamados países "frugais", põem o pé no travão. Dizem que a recuperação não pode estar assente em financiamentos a fundo perdido e dívida comum..Mark Rutte, com quem António Costa já se reuniu, é a voz da contestação dos frugais, avisando que está "bastante pessimista" quanto a um acordo, não escondendo também que reservará o direito de veto contra acordos que permitam aos países receberem subvenções sem fazerem reformas. Já Itália, Espanha e Portugal rejeitam as exigências de reformas..O último Conselho Europeu decorreu em junho, por videoconferência.