Por streaming e com possibilidade de rever uma e outra vez todos os detalhes, Milão e Paris fizeram o possível para manter o calendário das suas semanas da moda e apresentar as coleções masculinas. Faltou a criatividade das primeiras filas, mas não houve ausência de espectáculo na passerelle..Na Louis Vuitton, foi a sexta vez que o norte-americano Virgil Abloh mostrou as suas ide ias para a marca de luxo francesa. Chamou-lhe Ebonics e trouxe a evocação do movimento Black Lives Matter para o espaço modernista da Tennis Club de Paris..Num ano em que o conforto foi palavra de ordem, o designer de origem ganesa quis rever os clássicos. O verde dos mármores contrastava com estes homens de fatos grandes e calças largas, cinzento muito claro e, como se quer quando se fala de Virgil Abloh, fez-se o casamento entre o que sempre foi formal - a camisa e a gravata - e tudo o que a cultura de rua manda. Neste ano até vimos recuperar o slogan Turista vs. Purista, que mostrou em 2018..O resto é sempre Louis Vuitton a ser Louis Vuitton, não perdendo uma oportunidade para apresentar mais um objeto que se possa converter em desejo de colecionador - sempre que possível com o famoso monograma estampado. Um desses casos é o clássico saco de viagem em amarelo..A Semana da Moda de Paris, que decorre até 24 de janeiro, contou, pela segunda vez com a participação dos portugueses Ernest W. Baker..A marca portuguesa, cofundada pela dupla Inês Amorim e Reid Baker, volta a estar no calendário oficial da Semana de Moda de Paris com uma coleção "confortável", inspirada pelo momento da pandemia, com apoio do Portugal Fashion, e como aconteceu anteriormente, em formato digital.."Nós inspiramo-nos muito nos anos 1970 e no cinema, nas personagens de filmes, mas nesta coleção quisemos trazer uma parte mais real. Também por causa da pandemia, e [porque] hoje em dia vestimos roupa mais confortável", afirmou Inês Amorim à Lusa..Esta é a segunda participação da marca portuguesa na Semana da Moda de Paris, depois de, em julho do ano passado, ter sido a primeira marca portuguesa a chegar ao calendário oficial deste evento..A marca aproveitou este momento em que os consumidores estão a optar por roupa mais confortável para introduzir malhas, T-shirts orgânicas e calças de ganga na coleção de inverno 2021.A primeira participação, também digital, deu visibilidade ao trabalho. "Tivemos muito bom feedback em relação ao nosso vídeo, também por ter sido bastante pessoal, e houve uma proximidade. E notámos em termos de vendas, conseguimos mais clientes", referiu. Assim, além de Japão, Coreia e alguns pontos nos EUA, a Ernest W. Baker é agora também vendida no Canadá e em Itália..No início da semana, tudo aconteceu em Milão, e, a propósito do que foi apresentado, perguntava-se no jornal El País: será o pijama o novo smoking? Ainda falta conhecer a moda feminina, mas conforto é a palavra-chave. E percebe-se: com honrosos meses de exceção, há um ano que nos vestimos para estar em casa ou no Zoom..Continua o jornalista do El País: "Entre o fato e o fato de treino, há uma terceira via que, simplificando muito, podemos encontrar no pijama ou na roupa doméstica. Impregna as peças de usar dentro e fora de casa num mundo em que os limites do espaço público e privado se esfumaram." Por algum tempo, a ideia é pôr de lado a etiqueta e deixar-se levar pelo conforto. Pelo menos segundo Prada..A coleção masculina - assinada por Raf Simons e Miuccia Prada -, em tons violeta e roxo, tem lapelas gigantes, lãs, motivos geométricos e o tom dos anos 1970.