O combate de todos
Enquanto portugueses, enfrentamos hoje um desafio sem precedentes. Estamos em estado de combate contra a pandemia do covid-19, numa luta que nos inclui a todos, sem exceção. Nesta hora, devemos unir-nos e reafirmar a responsabilidade que, enquanto comunidade, detemos uns pelos outros. É essencial evitar menosprezar o mais importante e essencial de todos os recursos: a humanidade. É dela que todos os esforços dependem. É de cada um de nós e das suas heroicas, mesmo que pequenas, atitudes. Da nossa vontade de cumprir as indicações que nos são pedidas, capacidade de distinguir o que é urgente e necessário do que é supérfluo e dispensável. Da nossa união enquanto povo, enquanto comunidade, capaz de afastar as tentações de guerrilha política e partidária. Da nossa solidariedade e responsabilidade.
Não é tempo de criticar ou procurar qualquer tipo de aproveitamento político em torno da avaliação das opções tomadas sobre o Serviço Nacional de Saúde. Neste momento, o que deve merecer a nossa atenção e admiração é o serviço e a entrega incondicional de tantos e tantas profissionais de saúde que, movidos pelo cuidado ao próximo e o espírito e a missão de serviço público, trabalham dia e noite pelo povo português. Devemos ser inspirados pelo gesto dos mais de mil médicos que, após um apelo do bastonário da Ordem dos Médicos, se apresentaram voluntariamente para reforçar o Serviço Nacional de Saúde. É através do seu exemplo que todos devemos orientar os nossos comportamentos.
As medidas restritivas impostas pelo governo devem merecer o nosso acolhimento e cumprimento. Há que resistir à tentação de nos considerarmos imunes e indiferentes. Porque a evolução da propagação do vírus pelos países da Europa demonstra-nos o impacto que uma só pessoa pode ter. Qualquer um de nós, estando infetado, pode ser agente de transmissão do vírus. Por outras palavras, qualquer um de nós pode contagiar alguém que não possua um sistema imunitário capaz de resistir à doença. Das nossas ações pode depender a saúde e a vida daqueles que estão à nossa volta. Somos, por isso, responsáveis por cada um de nós.
A responsabilidade de enfrentar esta pandemia é coletiva. Necessitamos por isso que o Estado apoie, durante e após este período, os portugueses. Tanto aqueles cuja saúde seja afetada como aqueles cujos negócios sofrerão brutalmente os impactos da pandemia. Para que sejam cumpridas as medidas restritivas, é necessária a garantia de apoio aos trabalhadores e empregadores. Mas a responsabilidade é também individual. Sem a colaboração de todos, todos mesmo, perderemos a vantagem que atualmente possuímos nesta batalha. Ou que, pelo menos, possuíamos no momento em que escrevo esta linhas. Espero que esta esperança se mantenha viva, graças à perseverança e responsabilidade de todos nós.
Presidente da JSD